14 DE MARÇO DE 2019
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Aliás, o próprio Presidente do Conselho de Liquidação disse que os pressupostos atuais não são aqueles
que se verificavam em 2015. A decisão do PSD, a tal que foi acertada e com sucesso, é que permitiu manter os
Estaleiros Navais, manter os postos de trabalho e ter uma elevada receita adveniente da exportação.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Leonel Costa (PSD): — Portanto, a questão que se coloca ao Bloco de Esquerda é a de saber se o
Bloco preferia, por esta questão marcadamente ideológica, como eu disse, o encerramento do Estaleiro e a
extinção de todos estes postos de trabalho.
Aplausos do PSD
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado, do PCP.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Vasconcelos, começo por saudar a
declaração política que trouxe ao Plenário da Assembleia da República.
Em resposta ao Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, o Presidente da Comissão Liquidatária
da EMPORDEF, nomeadamente no que diz respeito aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, disse que se
tratava de alta corrupção. E nós não temos dúvidas, em dois aspetos fundamentais: o primeiro é que toda a
matéria que foi transmitida deve ser remetida para o Ministério Público para o apuramento de responsabilidades
criminais, e, portanto, há um mundo de averiguações que devem ser feitas e devem ser levadas as conclusões
até ao final.
Nessa perspetiva, queremos dizer que a esperança do Grupo Parlamentar do PCP é que o Ministério Público
faça o seu trabalho e sejam apuradas todas as responsabilidades, mas no plano político, que é aquele que mais
nos interessa, não temos dúvidas em afirmar que a privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo foi,
do ponto de vista político e do ponto de vista do interesse nacional, um verdadeiro crime. Ora, por isto é que
quero trazer à discussão a privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
Recordo duas ou três afirmações que proferimos nas conclusões da Comissão de Inquérito à privatização
dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Dizíamos, na altura, o seguinte: «Ficou claro nas audições que a
decisão de extinguir os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e concessionar os respetivos terrenos não era
uma inevitabilidade, antes decorre, e é inseparável, de opções de sucessivos governos (…)» e agora acrescento
PS, PSD e CDS-PP, «(…) e das ações e omissões de sucessivas administrações por eles nomeados, cujas
responsabilidades não podem ser ilibadas. A opção do Governo de liquidar a empresa é uma escolha que reflete
uma posição ideológica que apenas serve os interesses de grupos privados que pretendem apropriar-se de um
património público, determinante e estratégico da construção naval em Portugal».
Veja-se, aliás, uma realidade, algo que é completamente factual: é que para construir os navios-patrulha
oceânicos quando os Estaleiros Navais eram uma entidade pública, sucessivos governos e sucessivas
administrações criaram dificuldades atrás de dificuldades, e assim que os Estaleiros foram privatizados é um
regabofe de facilidades e não falta dinheiro para construir os navios-patrulha oceânicos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Portanto, houve uma opção e pergunto-lhe: acha ou não que houve uma
estratégia deliberada de privatização e de desmantelar a resposta pública para favorecer o negócio privado de
meia dúzia de grupos económicos?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — A direita só não vê porque não quer!