I SÉRIE — NÚMERO 61
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Perante estas denúncias, o que têm a dizer o PSD, o CDS e até o PS? Queriam abafar a situação e, por isso
mesmo, pretendiam rejeitar a audição dos responsáveis políticos nestes processos. O Bloco de Esquerda propôs
a audição do ex-Ministro da Defesa Aguiar Branco e do ex-Ministro da Defesa Azeredo Lopes, mas PSD, CDS
e PS queriam vetar. Não o permitimos!
Aplausos do BE.
O Bloco de Esquerda apresentou um requerimento potestativo para que estes ex-governantes sejam ouvidos
no Parlamento. Uma denúncia gravíssima de corrupção tem de ter consequências e a verdade tem de ser
apurada.
Rui Rio dizia há dias que a privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo é um caso de sucesso. O
CDS faz de conta que não teve nada a ver com o assunto. O PS fica longe dos pedidos de transparência e da
investigação exigidas por Ana Gomes e prepara-se para extinguir a EMPORDEF, que sempre foi e é lucrativa,
dando cumprimento à vontade de Paulo Portas. É esta a muralha de silêncio que se ergue perante estas
denúncias?
O Bloco de Esquerda irá ouvir os ex-Ministros da Defesa e, anuncio já aqui, em nome do Grupo Parlamentar
do Bloco de Esquerda, propor a realização de uma auditoria forense às contas da EMPORDEF e dos Estaleiros
Navais de Viana do Castelo. A luta contra a corrupção não é compatível com muros de silêncio.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, inscreveram-se quatro Srs. Deputados para
pedir esclarecimentos. Como é que pretende responder?
O Sr. João Vasconcelos (BE): — Em conjunto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Muito bem, assim sendo, tem a palavra o Sr. Deputado Leonel
Costa, do PSD.
O Sr. Leonel Costa (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Vasconcelos, este é um debate
marcadamente ideológico pelo Bloco de Esquerda.
O Bloco de Esquerda não quer esclarecer nada, e muito menos ser esclarecido; se não ontem, na reunião
da Comissão de Defesa, tinha aceite a sugestão do PSD de, antes de ouvir a classe política, ouvir os gestores
à data.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Há responsáveis não é?
O Sr. Leonel Costa (PSD): — Isto porque, para nós, de facto, é importante perceber o que se passa com a
empresa, mas para o Bloco de Esquerda não.
Sr. Deputado, sejamos muito claros: a questão da EMPORDEF foi originada pelas declarações do Sr.
Presidente do Conselho de Liquidação, que o Sr. Deputado há pouco referiu, em que alegava que a decisão de
2015 foi sustentada nos tais critérios contabilísticos, mas não. A resolução do Conselho de Ministros, e basta lê-
la do início ao fim, foi simplesmente uma decisão política, e uma decisão política acertada, sabemos hoje, citando
as palavras de Rui Rio, que também referiu há pouco, uma decisão com sucesso.
Portanto, de certa forma, espanta-me que o Sr. Deputado, apesar do que aconteceu na audição do Sr.
Presidente do Conselho de Liquidação, ainda hoje tente manter a sua interpretação de que o que esteve
subjacente foi um qualquer critério contabilístico, e não foi.
O lucro que boa parte das empresas participadas pela EMPORDEF tinha era canalizado para tapar os
prejuízos dos Estaleiros Navais, e não chegava. Com a decisão de privatização, esse prejuízo deixou de existir
e, hoje, a EMPORDEF tem lucros para distribuir, precisamente porque a decisão foi acertada.