I SÉRIE — NÚMERO 61
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Na bancada do CDS diz-se «e bem»!
O Sr. JoãoVasconcelos (BE): — Já agora, faço uma declaração de interesse para dizer que o Bloco de
Esquerda não compactua com qualquer tipo de corrupção, seja ela qual for e venha de onde vier. Somos
intransigentes nas denúncias de qualquer tipo de corrupção.
Sr. Deputado Leonel Costa, é muito estranha a sua posição. O Presidente da Comissão Liquidatária da
EMPORDEF demonstrou cabalmente as contas da empresa nos anos de 2010, 2011, 2012 e 2013, portanto
antes de 2014, e referiu que a empresa tinha resultados líquidos acima de 100 milhões de euros.
Protestos do Deputado do PSD Leonel Costa.
O Sr. Deputado recebeu esses resultados tal como eu!
De acordo com as contas auditadas, a EMPORDEF tinha, em 2010, 195 milhões; em 2011, 163 milhões; em
2012, 147 milhões; e, em 2013, 119 milhões. E o Sr. Deputado não conseguiu desmistificar um único número!
Estão aqui as contas auditadas.
De facto, da vossa parte, é evidente que os senhores querem que isto fique no esquecimento, e também o
Sr. Deputado João Rebelo.
Dizem que o Bloco de Esquerda queria o encerramento de uma empresa que tinha a dimensão que nós
sabíamos e com mais de 600 trabalhadores. Não, Srs. Deputados Leonel Costa e João Rebelo! Esta foi uma
opção política e ideológica do vosso Governo, do Governo anterior. Por exemplo, porque é que o ex-Ministro
Aguiar Branco anulou a construção, que tinha sido decidida em 2004, de 10 navios-patrulha?
Depois, fez-se o anúncio e entregou-se à Marinha dois navios-patrulha oceânicos por 77 milhões de euros,
sem qualquer contrato público, por ajuste direto. Aqui, efetivamente, já houve facilidades!
Srs. Deputados, esta é uma matéria que não podemos deixar cair e é preciso que os responsáveis políticos
sejam ouvidos. Não vamos ouvir o merceeiro, aquele que faz as contas, o que é preciso é apurar
responsabilidades políticas.
O Sr. PedroFilipeSoares (BE): — Pois é! Aí é que dói!
O Sr. JoãoVasconcelos (BE): — É isso que o Bloco de Esquerda quer e exige e nada melhor do que fazê-
lo, aqui, nesta Casa, no Parlamento. Os portugueses têm o direito a saber efetivamente o que se passou.
Sr. Deputado Jorge Machado, é preciso que se apurem responsabilidades no âmbito político — com certeza
que a investigação criminal estará a fazer o seu trabalho, pelo menos é o que desejamos —, porque, neste caso
concreto, houve uma estratégia deliberada de privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, tem de terminar.
O Sr. JoãoVasconcelos (BE): — Sr. Deputado Joaquim Raposo, do PS, queremos que tudo seja
investigado, é um facto, mas também queremos que os políticos não saiam ilibados dessa investigação.
A Sr.ª CecíliaMeireles (CDS-PP): — Não quer que saiam ilibados mesmo que sejam inocentes?!
O Sr. JoãoVasconcelos (BE): — É preciso que os políticos respondam politicamente por aquilo que fizeram.
Portanto, temos de ouvir os responsáveis máximos e nada melhor do que começar por aí; depois, poderemos
ouvir todos os outros.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Vânia Dias da Silva.