15 DE MARÇO DE 2019
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Assembleia da República passou a exercer um efetivo escrutínio. Aliás, já aqui foram referidos exemplos
suficientes e bastantes, em que o Governo que V. Ex.ª apoiava na anterior Legislatura se estava perfeitamente
a marimbar para os pareceres da Assembleia da República. E só este Governo agora tem respeito pelos
pareceres da Assembleia da República, e tem-no por duas vias. Tem-no porque tem consideração pelo órgão
legislativo, porque tem consciência de que a sua legitimidade nasce neste órgão. Mas também tem respeito
pelos pareceres da Assembleia da República porque houve as alterações introduzidas em 2017.
É esse facto que o Sr. Deputado teima em desconhecer e em omitir e nunca o deveria ter feito pelo respeito
que a função que exerce lhe merece.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo
Trigo Pereira.
O Sr. Paulo Trigo Pereira (N insc.): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quero deixar apenas algumas
notas que o tempo me permite.
A primeira é para dizer que este projeto de lei do CDS, como já foi aqui amplamente dito, não é novo, pois já
apareceu na X Legislatura e na XI Legislatura. É claramente inconstitucional. Não podemos acrescentar, por
mais pequena que seja, uma competência ao Sr. Presidente da República, sem fazer uma revisão constitucional.
Penso que isto é pacífico. Aliás, segundo os meus registos, o próprio Deputado Nuno Melo, em 2007, disse que
esta medida poderia gerar tensões indesejáveis entre órgãos de soberania. Acredito que tenha mudado de
opinião, e não há qualquer problema nisso, mas seria importante percebermos porquê.
Protestos do Deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares.
Depois, este projeto tem outro problema: é que confunde Banco de Portugal com as entidades administrativas
independentes. O Banco de Portugal é regido pelos Estatutos do Sistema Europeu de Bancos Centrais, que,
por sua vez, têm como instância de último recurso o Tribunal de Justiça da União Europeia. Portanto, a
independência do Banco de Portugal processa-se de uma forma completamente diferente das entidades
reguladoras.
Aliás, isto deu aqui origem a um interessante debate porque houve pessoas que quiseram atacar o Sr.
Governador e utilizaram este diploma para o atacar; e houve pessoas que intervieram sobre as entidades
reguladoras porque estavam mais preocupadas com as entidades reguladoras. De facto, são duas realidades
completamente diferentes.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Trigo Pereira (N insc.): — Termino, Sr. Presidente, dizendo apenas o seguinte: é pena que o
CDS não tenha permitido o arrastamento de outros projetos de lei, que permitiriam ter enriquecido este debate.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra, em nome do Partido
Social Democrata, o Sr. Deputado Duarte Pacheco.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estamos a debater algo que é
extremamente relevante para a sociedade portuguesa e para o funcionamento da nossa economia, que é o
posicionamento e o comportamento das entidades reguladoras face ao poder político e ao poder económico.
Este debate permitiu-nos, desde já, perceber diferentes formas de olhar para a sociedade e como a
sociedade se deve organizar. Para uns, mais à esquerda, sabemos que tudo deve ser Estado,…
O Sr. Luís Monteiro (BE): — E para a direita é tudo Carlos Costa!