5 DE ABRIL DE 2019
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Portanto, temos de balancear este esforço e creio que, neste momento, o esforço maior que ainda temos de
fazer é o de alargar a capacidade de investir, pois há muito investimento que continua a ser necessário e que
temos de levar até ao fim.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem, de novo, a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, disse, repetiu, e é certo, que a direita não gosta do
Serviço Nacional de Saúde, que votou contra a sua criação e que fez uma lei de bases que lhe retira recursos
todos os dias para entregar ao negócio privado da saúde.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Bem lembrado!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Mas para mudarmos o estado de coisas não basta dizermos que temos
vontade de fazer melhor, é preciso compromissos sérios. Temos em debate aqui, no Parlamento, uma lei de
bases da saúde e o Bloco de Esquerda tem a convicção de que é possível criar-se uma lei de bases que proteja
e salve o Serviço Nacional de Saúde, respondendo assim ao repto e ao legado que nos deixaram António Arnaut
e João Semedo.
Mas, para o fazer e para que esse caminho seja o da universalidade e seja público — como o Sr. Primeiro-
Ministro repetiu na sua primeira intervenção —, há escolhas que têm de ser feitas e que têm de ser claras. O
Bloco de Esquerda cá está para fazer uma lei de bases da saúde sem a direita, que sabemos não gostar do
SNS, mas se cumprirmos essas condições. E quais são elas? Acabar com as taxas moderadoras que são
obstáculo em vez de moderação, acabar com as PPP (parcerias público-privadas) que só servem para os
hospitais privados irem buscar recursos humanos aos hospitais públicos e garantir que o recurso a privados é
feito somente quando não há capacidade de oferta pública e não num sistema concorrencial que tem vindo a
degradar o SNS. Tenham o Governo e o Partido Socialista essa vontade e poderemos fazer o caminho para
salvar o SNS, mas qualquer outro caminho que mantenha uma predação na qual 4 € em cada 10 € do orçamento
da saúde se destinam aos hospitais privados, será sempre um caminho que vai fazer definhar o Serviço Nacional
de Saúde.
Sr. Primeiro-Ministro, como sabe, no estudo que referi há pouco, os utentes também diziam — e bem — que
os profissionais do SNS fazem a diferença e que é neles que confiam. A pergunta que lhe faço, porque é um
dos temas que está agora em discussão, é se o Governo vai cumprir a expetativa de respeito pelos profissionais
que fazem o SNS e descongelar a carreira dos enfermeiros, de forma a contar o seu tempo de serviço.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — O PSD já se esqueceu dos enfermeiros?
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Deputada Catarina Martins, sobre a lei de bases, como sabe, o processo
tem estado em curso. Conhecemos os pontos de convergência e creio que, ainda recentemente, o Governo fez
chegar à sua bancada uma redação em função dos últimos contactos que tínhamos mantido sobre essa matéria.
Acho que é muito importante que exista uma lei de bases da saúde, que deve ter o consenso mais alargado
possível, mas também não temos de nos deprimir com a ausência de apoio de partidos que nunca apoiaram o
Serviço Nacional de Saúde. Aliás, se o fizessem agora seria uma grande vitória histórica do SNS, mas, enfim, o
Serviço Nacional de Saúde tem passado bem sem o apoio destes partidos ao longo de várias décadas.
Protestos do Deputado do PSD Cristóvão Norte.