1 DE JUNHO DE 2019
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Foi o emprego que diminuiu o desemprego, não foi a fuga que diminuiu a taxa de desemprego.
O que as estatísticas nos dizem é que cresceu o emprego por conta de outrem a tempo completo mais do
que qualquer outra variável, e esse é um elemento essencial do trabalho digno. O emprego por conta de outrem
atingiu o nível mais elevado da nossa História, a tempo completo. E se é verdade que permanece uma taxa
demasiado elevada de contratos a termo, também é verdade que diminuiu, de forma muito significativa, ao nível
das centenas de milhares, as relações de trabalho, na maioria ilegítimas, baseadas no conceito da falsa
prestação de serviço. Foi isso que aconteceu, e poderia desenvolver muitos outros aspetos acerca da qualidade
do emprego criado.
Não, Sr.as e Srs. Deputados, não estamos apenas a falar da evolução, em termos mensais, de mais 360 mil
postos de trabalho! Estamos a falar da qualidade destes postos de trabalho! E também não estamos a falar de
políticas constantes. Os Srs. Deputados da oposição esforçam-se por dizer que a razão deste sucesso — já não
é mau considerarem-no um sucesso —, tem a ver com políticas do passado no mercado de trabalho,
esquecendo-se que muita coisa mudou. Mudou, por exemplo, a atualização anual do salário mínimo e não a
política de crítica sistemática ao salário mínimo, vinda de altos dirigentes de partidos da oposição e de dirigentes
da anterior coligação!
Aplausos do PS.
O que mudou foi, também, uma forma diferente de olhar a contratação coletiva, porque através, por exemplo,
do bloqueio das portarias de extensão, o anterior Governo — nas bancadas dos partidos da oposição há
responsáveis sindicais que sabem que aquilo que estou a dizer é a pura das verdades — bloqueou, através de
resolução ilegal do Conselho de Ministros, as portarias de extensão, que são elementos essenciais no nosso
mercado de trabalho para promover a contratação coletiva!
Não, Sr.as e Srs. Deputados, não temos a mesma política de relações laborais e é também por isso que os
resultados são bem diferentes daqueles que tínhamos há cerca de quatro anos atrás.
É evidente que há muito a fazer, e tenho a expectativa, muito elevada, de que, tão rapidamente quanto
possível, seja aprovada nesta Assembleia a legislação que limita a utilização dos contratos a termo, que são a
principal forma de precariedade no mercado de trabalho em Portugal. E cabe às Sr.as Deputadas e aos Srs.
Deputados a responsabilidade de, sim ou não, reduzir a dimensão e as causas para o contrato a termo e para
o trabalho temporário, promover a negociação coletiva, tudo isso que consta da proposta de lei que o Governo
aqui apresentou.
O Sr. Deputado António Carlos Monteiro, do CDS, colocou uma pergunta, que é uma pergunta histórica da
parte do CDS, que tem a ver com o facto de como é que se justifica, com esta criação de emprego, que continue
a existir um instrumento de rendimento mínimo, ou rendimento social de inserção, como hoje se chama. A sua
existência, aliás, é uma recomendação da União Europeia, que foi reforçada há pouco mais de um ano, no pilar
europeu dos direitos sociais, mesmo para países que têm níveis salariais e taxas de desemprego inferiores aos
nossos.
Sr. Deputado, porque é que aumentou esse valor?! Por razões muito simples: porque nós reconhecemos que
existe uma parcela da população portuguesa que tem rendimentos muito baixos, que vive não só abaixo do
limiar da pobreza, mas com uma intensidade de pobreza muito elevada. E, a propósito desses portugueses, a
nossa política não é igual à vossa, nunca foi igual à vossa! Porque a vossa foi a de cortar nessa prestação,
principalmente em relação às crianças!
Aplausos do PS.
Está estudado, está clarificado, está quantificado! Sr. Deputado, existe, de facto, uma percentagem da
população portuguesa que…
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Ainda são mais!