1 DE JUNHO DE 2019
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Durante este período, e em termos relativos, por cada 100 novos empregos por conta de outrem criados, 89
são sem termo.
Além disso, verificou-se ainda a redução do número de trabalhadores com horários de trabalho incompletos
e com trabalho a tempo parcial, o que foi compensado pelo aumento do número de trabalhadores com horários
e salários completos, o que tem um manifesto impacto positivo ao nível dos rendimentos e da diminuição dos
índices de pobreza dos trabalhadores.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Carla Tavares (PS): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Bem sabemos que há ainda muito a fazer, mas também não nos podemos alhear nem podemos desvalorizar
tudo aquilo que foi levado a cabo pelo atual Governo, as escolhas políticas que fez, escolhas essas que
conduziram aos excelentes resultados que estão à vista de todos, o que só foi possível porque temos em
Portugal um Governo de esquerda, um Governo do Partido Socialista, que mostrou a todos, cá dentro e lá fora,
que, afinal, havia uma alternativa, que, afinal, era mesmo possível fazer diferente, sem que fosse necessário
reduzir os custos do trabalho, sem que fosse necessário cortar nos direitos e nos rendimentos dos trabalhadores.
Enfim, isso foi possível. E este é caminho que queremos continuar a trilhar no futuro: mais e melhor emprego,
mais rendimentos, mais direitos. Em suma, um Portugal melhor.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra o Sr. Deputado José Moura Soeiro, do Bloco de Esquerda.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr.as e Srs. Deputados: Vou falar de estatística
e gostava também de colocar algumas perguntas cuja resposta é de «sim» ou «não».
A primeira nota estatística é que temos hoje mais emprego, mais meio milhão de postos e trabalho do que
tínhamos em 2013, mais quase 400 000 do que havia em 2015. Temos também, diz-nos a estatística, um padrão
de precariedade que é semelhante ao que havia em 2015 — 22% é a percentagem de contratos a prazo, hoje
em dia, que era a percentagem que havia em 2015, em termos de contratos a prazo. Creio que é indesmentível
que a percentagem é a mesma, ou seja, que a proporção é a mesma.
Em segundo lugar, o salário mínimo nacional aumentou — e sabe-se como nos batemos pelo aumento do
salário mínimo nacional — e o salário médio cresceu cerca de 1,3%, em termos de crescimento real.
A proporção de distribuição do rendimento entre trabalho e capital não alterou substancialmente — 52% é a
percentagem e, em 2010, era de 60% para o trabalho.
Os salários médios reais continuam, segundo os dados estatísticos, abaixo do que eram em 2010, antes da
compressão salarial que houve a partir de 2011.
Temos mais emprego, mas, em Portugal, trabalha-se tempo demais e muito dele sem remuneração.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — É verdade!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Em 2018, houve 221 milhões de horas extraordinárias, metade das quais
não foram pagas — são dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
As horas extra não pagas corresponderiam — se fizéssemos essa conversão, mas é um exercício,
evidentemente, hipotético — a 60 000 postos de trabalho não pagos.
Faço este comentário para lhe colocar uma pergunta, Sr. Ministro. Está, neste momento, em discussão uma
proposta do Bloco de Esquerda para retomarmos as majorações para o trabalho suplementar que havia no
Código do Trabalho, da sua autoria. Queremos, basicamente, acabar com o corte para metade na remuneração
do trabalho suplementar, que foi instituído pelo ex-Ministro Mota Soares, e voltar às majorações que havia na
lei Vieira da Silva.
Pergunto ao Governo e ao Partido Socialista se estão disponíveis para retomar a lei Vieira da Silva no que
diz respeito ao trabalho suplementar, desincentivando o recurso às horas extraordinárias, que são, ainda por