I SÉRIE — NÚMERO 91
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O Sr. Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: — Sim, mais, porque os critérios são mais
justos do que eram no vosso tempo. Os senhores cortaram nos critérios de atribuição do rendimento social de
inserção e, naturalmente, sendo esses critérios mais justos, nomeadamente em relação ao apoio aos jovens e
às crianças em famílias com elevada fragilidade económica, é natural que o valor seja ligeiramente superior ao
que era há uns anos atrás. Porquê? Porque o valor que existia no vosso tempo era um valor artificialmente
cortado, por razões de natureza ideológica, para além das questões de natureza orçamental.
Sr. Deputado, é histórico, é conhecido: nesta Assembleia, dirigentes do CDS-PP já disseram tudo o que não
podia ser dito sobre uma medida de combate à pobreza extrema! Não contem connosco para alinhar nesse
discurso.
O Sr. Luís Soares (PS): — Muito bem!
O Sr. Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: — O Sr. Deputado António Carlos Monteiro
referiu que o direito à proteção social é, naturalmente, um direito essencial e que tem de ser garantido pelo
Estado. É um direito que tem de ser garantido na lei e na Administração, e a Administração tem de se preparar
e tem de ser eficaz na sua concretização. Nunca dissemos que não havia problemas nesse domínio. Não vou
agora falar nas causas que levaram à fragilização do sistema da segurança social — esse não é o tema do
debate de hoje —, mas aqui estarei quando esse debate for marcado. Mas, Sr. Deputado, para quem aumentou
a idade da reforma de uma vez só em seis meses, a sua intervenção roça a falta de pudor!
Aplausos do PS.
Para quem aumentou a idade de reforma, como os senhores fizeram, alterando o fator de sustentabilidade
de forma puramente artificial ou congelando as pensões antecipadas durante anos, a intervenção que o Sr.
Deputado aqui fez roça a falta de pudor! Sr. Deputado, um pouco de decoro nas intervenções parlamentares!
Aquilo que o Governo continua e continuará a fazer é a promover um mercado de trabalho inclusivo e uma
política social inclusiva. Aumentámos a despesa social com rigor, com exigência, mas aumentámos, porque era
necessário. Criámos novas políticas ativas de emprego porque o País precisava delas.
Sr.as e Srs. Deputados, termino dizendo que o que aqui temos para apresentar não são apenas resultados
estatísticos, são mudança na vida das pessoas. Aquilo que temos para discutir não é apenas o passado, é a
expetativa, que ainda recentemente foi anunciada, de grande parte das empresas portuguesas continuarem a
contratar durante o primeiro semestre deste ano, o que quer dizer que, ao contrário do que muitos têm vindo a
tentar adivinhar, a dinâmica do mercado de trabalho continua positiva e continuará ao serviço das famílias e das
portuguesas e dos portugueses.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Vamos passar à segunda ronda deste debate.
Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr. Deputada Joana Barata Lopes, do PSD.
A Sr. Joana Barata Lopes (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Sr.
Ministro, nada de novo, a vastidão do tema «mercado de trabalho» permitiu-lhe falar sobre eleições europeias
e, naturalmente, fazer uma análise estatística seletiva para o autoelogio do Governo. Queremos, agora, as
respostas!
Sr. Ministro, consideraram a precariedade um flagelo inaceitável do Governo anterior. Disseram: «Vamos
regularizar tudo! Connosco não haverá precariedade.» Hoje, há mais 73 mil precários do que havia no tempo da
troica.
O Sr. Adão Silva (PSD): — 76 mil!
A Sr. Joana Barata Lopes (PSD): — E, ainda ontem, voltaram a ser acusados pelos trabalhadores de
estarem a emperrar a integração de precários. Que respostas, Sr. Ministro?