I SÉRIE — NÚMERO 97
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Sr. Primeiro-Ministro, o tema do ambiente e do ordenamento do território é oportuno. No plano das
preocupações ambientais, insistimos nas medidas para concretizar e alargar a redução dos custos dos passes
dos transportes. Esta é, de facto, a medida de maior impacte ambiental tomada nas últimas décadas e deve ir o
mais longe possível na sua concretização e alargamento.
É preciso que esta medida seja uma realidade em todo o território nacional e que as várias soluções para a
redução do preço e alargamento da oferta se concretizem. É preciso investimento no material circulante, na
infraestrutura ferroviária, nos barcos e também na contratação dos trabalhadores em falta nas empresas
públicas de transportes.
Perguntamos-lhe: qual é o ponto da situação nesta matéria?
Também em relação ao ordenamento do território, queremos deixar aqui a nossa preocupação quanto a um
problema central, o das pessoas que fazem falta para ocupar e ordenar o território.
Agora que passam dois anos dos incêndios de Pedrógão, é decisivo que se questione o que mudou neste
mundo rural, que ardeu, sobretudo, por estar abandonado e despovoado. Que medidas foram tomadas, que
investimento foi feito pelo Governo para que as vilas e aldeias do nosso mundo rural não continuem desabitadas,
para que os territórios não continuem ao abandono? Sem pessoas, sem atividade económica, sem investimento
e sem serviços públicos não há mundo rural que resista nem há ordenamento do território digno desse nome.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Para terminar, Sr. Primeiro-Ministro, queremos ainda questioná-lo sobre
a decisão do Governo de comprar a rede SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de
Portugal) por 7 milhões de euros.
O PCP defende o controlo público do SIRESP e o fim da parceria público-privada (PPP), mas temos muitas
dúvidas de que este negócio que o Governo encontrou defenda o interesse público.
O PCP sempre defendeu que a rede de comunicações de emergência nunca deveria ser submetida à lógica
do lucro e entregue a grupos económicos. A segurança dos portugueses não pode ser um negócio, tem de ser
uma responsabilidade assumida pelo Estado e pela qual o Estado responda.
O preço que o País pagou por essa PPP está à vista nas consequências dramáticas das falhas do SIRESP
nos incêndios de 2017, mas está também à vista nos 487 milhões de euros pagos pelo Estado por uma rede
que custa 85 milhões a montar.
Como é que o Governo justifica ir agora comprar a parte dos grupos económicos nesta PPP, entregando-
lhes mais 7 milhões de euros, depois de tudo o que já ganharam com uma rede que deixaram obsoleta?!
Que responsabilidades pelas falhas do SIRESP no incêndio de 2017 pediu o Governo aos grupos
económicos que beneficiaram do chorudo negócio que foi esta PPP?!
Quem vai assumir o investimento que é preciso fazer para que a rede de comunicações de emergência
funcione em condições?
Eram estas as questões e preocupações que lhe queríamos deixar.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro António Costa, para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, partilhamos exatamente das
mesmas preocupações no âmbito da saúde, não só quanto ao reforço dos recursos mas também quanto aos
resultados alcançados. É por isso que vemos com satisfação que, hoje, temos mais 190 000 consultas nos
cuidados primários, mais 140 000 consultas nas unidades hospitalares e mais cirurgias do que tínhamos
anteriormente, ou seja, estamos a conseguir recuperar o tempo perdido.
Tínhamos, no início deste ano, cerca de 100 000 consultas em atraso. Até agora já foi recuperada uma parte
significativa e o objetivo que temos é o de uma recuperação total até ao final do ano.
Mas, como o Sr. Deputado sabe, e no setor dos transportes isso é particularmente evidente, a recuperação
do grau de destruição sofrido em muitos destes sistemas é um processo lento. Durante pelo menos dois anos,