I SÉRIE — NÚMERO 99
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saga contra os serviços públicos e, sobretudo, fazer uso da palavra mágica do Governo PSD/CDS, que era
«despedir».
Além disso, também não podemos esquecer que todos os Orçamentos do Governo anterior continham uma
norma que, simplesmente, impedia as empresas públicas de contratarem trabalhadores. Naturalmente, estas
políticas, não justificando tudo, ainda hoje se fazem sentir e contribuem, também, para a situação que vivemos.
É também por isso que se impõem medidas que garantam não só a prestação de serviços públicos,
essenciais para as populações, mas também a efetividade do princípio da universalidade dos serviços públicos.
Bem sabemos que foram dados passos nesta matéria, com a contratação de trabalhadores, como há pouco
referi, mas também sabemos que continuam a faltar muitos trabalhadores nos serviços públicos e que isto está
a comprometer a resposta do Estado a nível das suas funções sociais — basta olhar para as áreas da saúde ou
dos transportes.
A nível dos transportes, quando assistimos ao aumento da procura, na sequência dos avanços positivos com
o passe social, o excelente contributo para a redução de emissão de gases com efeito de estufa e para o
combate às alterações climáticas que essa medida pode potenciar fica seriamente comprometido. É que se,
mesmo antes do aumento da procura, os transportes já não davam a resposta adequada, agora, com esse
aumento da procura, se a oferta se mantiver, vai tudo por água abaixo.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Tem toda a razão!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Vai por água abaixo o direito à mobilidade das pessoas, vai por
água abaixo a redução de emissão de gases com efeito de estufa e vai também por água abaixo o contributo
no combate às alterações climáticas. Vai tudo por água abaixo!
Além disso, é muito pouco sensato estar a apelar à utilização dos transportes públicos e, depois, não criar
as condições para que as pessoas possam, de facto, ver nos transportes públicos uma verdadeira e real
alternativa à utilização de viatura particular.
Face à falta de pessoal nos transportes, qual é a resposta do Governo? Retirar lugares sentados. Não pode
ser, Sr.ª Secretária de Estado!
O mesmo se diga com os problemas na saúde. Faltam trabalhadores na saúde e, em vez de se contratarem
profissionais, encerram-se maternidades.
Ó Sr.ª Secretária de Estado, o que é que se está a passar com o Governo? Acha que é assim que se resolvem
os problemas, com a retirada de bancos nos comboios e nos autocarros ou com as maternidades a funcionarem
em sistema rotativo ou, mesmo, a encerrarem?!
Ó Sr.ª Secretária de Estado, o que me parece é que este Governo está a caminho de cativar o bom senso.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, a Sr.ª Secretária de Estado da Administração e do
Emprego Público, Maria de Fátima Fonseca.
A Sr.ª Secretária de Estado da Administração e do Emprego Público: — Sr. Presidente, procurarei ser
clara nas minhas respostas, começando por sublinhar, Sr. Deputado André Pinotes Batista, que o Governo tem
assumido um conjunto de medidas de reforço e de aposta na Administração Pública de forma convicta, de forma
firme, de forma ponderada, com conta, peso e medida. Tal como vários membros do Governo têm sublinhado
ao longo dos últimos anos, não podemos «dar o passo maior que a perna», porque o risco seria insustentável
para o futuro do País.
Os 800 milhões de euros que o Orçamento acomoda e que dão expressão ao conjunto de medidas que foram
tomadas para a Administração Pública, desde a recuperação salarial até ao reforço de efetivos, são,
efetivamente, expressão desse esforço e dessa opção firme e convicta do Governo.
Sr. Deputado Álvaro Batista, todos lemos jornais. Todos lemos jornais, mas julgo que seria útil e interessante
diversificar as nossas leituras,…
Aplausos do PS.