22 DE JUNHO DE 2019
21
Os utentes dos transportes continuam a esperar e a desesperar por serviços que não vêm, careiras que são
suprimidas, tempos de espera insuportáveis e transportes sobrelotados, nos comboios, barcos e metro, por falta
de pessoal, porque o Governo impede a contratação de trabalhadores para as empresas de transportes. O
Governo, há anos, impede as empresas de contratar e chega ao ponto de festejar, como vimos agora aqui, a
admissão de seis trabalhadores — seis trabalhadores! — para a Soflusa, quando a carência é de dezenas de
trabalhadores, só na Soflusa é de 30, mais os outros da Transtejo, em toda as áreas, como foi demonstrado e
sublinhado pela Presidente da empresa nesta Assembleia.
Sr.ª Secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, não se importa de explicar por que motivo
a proposta do PCP para desbloquear a contratação de pessoal nas empresas de transportes entrou em vigor
no Orçamento do Estado, mas continua sem ser aplicada pelo Governo?
A Sr.ª Secretária de Estado falou há pouco no material circulante ferroviário. Pois, há um dado curioso que
talvez a Sr.ª Secretária de Estado não esteja a ter em conta: é que, embora o nome possa induzir em erro, as
automotoras não andam sozinhas, precisam de trabalhadores, precisam de maquinistas e revisores. Nas
estações de comboio é preciso pessoal, e isso é que continua a estar a ser impedido por parte do Governo à
ordem das empresas relativamente a este setor.
Entre 2004 e 2018, nestes últimos 15 anos, a CP, a EMEF, a IP, o Metropolitano de Lisboa, a Soflusa e a
Transtejo perderam 4823 trabalhadores, uma diminuição de 35% do efetivo! É esta a dimensão que, no
essencial, faz falta para que seja assegurado um serviço público regular, com qualidade e segurança.
Por isso, aqui fica a pergunta e o desafio, Sr.ª Secretária de Estado: quando diz que não podemos dar passos
maiores do que as pernas, não se importa de ir ao terminal do Barreiro ou à estação da Amadora explicar isso
aos passageiros?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro, do Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, a Sr.ª Secretária de Estado da Administração e do
Emprego Público, disse aqui que entre 2010 e 2015 a segurança social teve uma diminuição de 33% dos seus
efetivos. Disse também que com este Governo houve um aumento de 8%.
Assinalamos a mudança de tendência: onde dantes havia despedimentos passou a haver contratações, mas
veja que 8% está muito longe dos 33% que a segurança social perdeu.
Só no Centro Nacional de Pensões foram 40% os trabalhadores que deixaram de existir naquele serviço
público e mesmo que, com os Orçamentos do Estado para 2018 e para 2019, tenha sido possível, por via do
PREVPAP e de um concurso interno, acrescentar 122 trabalhadores ao Centro Nacional de Pensões, mesmo
que haja agora um concurso externo para mais 70 trabalhadores sabemos que as pessoas continuam meses à
espera não apenas de pensões, mas de outras prestações sociais e sabemos que isso coloca em causa o direito
essencial à segurança social e à proteção social.
O Bloco de Esquerda fez aprovar, num projeto de resolução, uma recomendação ao Governo, no dia 31 de
maio, com três pontos: primeiro, que se concluíssem os procedimentos concursais e que se aumentasse o prazo
de validade da reserva de recrutamento deste concurso para o Centro Nacional de Pensões, para que não se
tenha de lançar um novo concurso de cada vez que é preciso mais gente; segundo, que se atribuíssem pensões
provisórias — começaram a ser atribuídas em junho, serão atribuída também em julho; terceiro, que se fizessem
permanências no estrangeiro de técnicos do Centro Nacional de Pensões.
As perguntas que lhe queria colocar são as seguintes: quando é que se concluirá este concurso para o
recrutamento dos 70 trabalhadores para o Centro Nacional de Pensões? Quando é que teremos os
trabalhadores no ativo? Como é que o Governo vai concretizar o alargamento do período da reserva territorial e
fazer essas permanências?
Deixo uma última questão sobre o IFP (Instituto de Formação Profissional). Há trabalhadores que estão há
décadas a falso recibo verde. Há 1200 trabalhadores/formadores do IFP que tiveram parecer favorável, foram
identificados como tendo um vínculo irregular e sendo uma necessidade permanente, mas o Governo abriu