I SÉRIE — NÚMERO 99
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respetivos Secretários de Estado não tiveram tempo para virem ao Parlamento participar num debate desta
importância! Pode ter acontecido que o comboio esteja atrasado, ou, eventualmente, o barco não tenha partido,
ou mesmo que o metro tenha sido suprimido!…
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — Deve ter sido por isso, então, que a bancada do PSD está tão vazia!…
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Sr.ª Secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, «aposta
forte»?! Imagino o que seria se a aposta não fosse forte!
Saiba que nunca os utentes tiveram tantos horários suprimidos. Não me recordo de ocorrerem tantas
situações de comboios a cair aos bocados como se assiste hoje, de passageiros terem de dormir nos terminais
porque falhou o último barco, de haver comboios abandonados nas linhas à espera de manutenção que não é
efetuada por falta de pessoal, de o setor dos barcos estar em rutura total — faltam, pelo menos, 25 trabalhadores,
prometidos pelo Ministro do Ambiente desde 2016 e que ainda hoje estão para entrar!
O Governo andou durante todo o mandato a fazer anúncios e propaganda e ainda hoje a Sr.ª Secretária de
Estado fez o mesmo. Pois é, há utentes que têm apenas um comboio por dia para irem trabalhar e um comboio
à tarde para voltarem a casa. Quando esse comboio falha, sabem o que acontece? Não têm comboio, mas têm
de voltar a ir trabalhar no dia seguinte!
Mas sabem porquê, Srs. Deputados? É que, escandalosamente, os contratos de serviço público da CP e dos
barcos terminaram e a sua renovação está há quatro anos para ser tratada, com certeza escondida numa
qualquer gaveta do Governo. E, com isso, estão a levar os serviços à indigência.
Disse, na quarta-feira, o Sr. Presidente da Autoridade dos Transportes, neste Parlamento, que estes serviços
da CP, do Metro e dos barcos até poderiam fazer só uma viagem por dia. Portanto, esta é uma situação
escandalosa! O regulador disse também que estava de pés e mãos atados, não podia fazer nada nesta situação
por falta do contrato de serviço público.
O Sr. André Pinotes Batista (PS): — Não foi nada disso que ele disse!
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Não estranhamos, por isso, que a CP, a partir de domingo, na linha de Sintra,
a linha mais procurada do País, corte para metade a frequência de comboios em hora de ponta. Provavelmente,
saberão o que é que isto irá representar! Já em maio tinham sido suprimidos 175 comboios. O Governo, perante
este caos, finalmente, reconheceu o fracasso e pediu desculpas aos portugueses. Habilidosamente, à custa de
116 milhões de euros dos contribuintes, reduz o preço das viagens e retira lugares sentados nos transportes.
Cria um serviço low cost, de pé, para fazer face às constantes supressões de comboios e barcos e ignora,
olimpicamente, questões de segurança, populações fragilizadas com necessidades especiais de mobilidade. Só
falta mesmo que os portugueses sejam transportados em vagões!
Portanto, Sr.ª Secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, para quando os contratos de
serviço público e a contratação dos tais trabalhadores anunciada desde 2016?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, do Grupo Parlamentar do PCP.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr.ª Secretária
de Estado da Administração e do Emprego Público, para a vida das pessoas no seu dia a dia, para a vida do
País, os transportes são, seguramente, um serviço público fundamental e indispensável.
Do início deste debate sobre a falta de trabalhadores nos serviços públicos há dois factos que se destacaram.
Primeiro, nenhum membro do Governo — nenhum! — com tutela e competência nos transportes — sejam
urbanos, fluviais ou ferroviários — se dignou comparecer. Talvez tenha ficado retido nalguma carreira suprimida!
Em segundo lugar, a Sr.ª Secretária de Estado, na sua intervenção inicial, naquela frase que trouxe sobre os
transportes, não disse uma palavra sobre a carência gritante de trabalhadores.