I SÉRIE — NÚMERO 2
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Também no Programa Eleitoral do PSD foram lançados vários desafios, de acordo com a resolução que
estamos a apresentar.
Sr.as e Srs. Deputados, Portugal enfrenta uma grave crise demográfica. Temos de encarar este problema
como uma causa nacional, como um problema estrutural de longo prazo e, sobretudo, essencial para uma
sociedade como a nossa, que era jovem no meu tempo, na minha adolescência, e que envelhece a passos
largos, com implicações na sustentabilidade do País.
Portugal tem de encarar o problema da natalidade e da família de frente, com realismo, e começar a resolvê-
lo como o estão a fazer os outros países europeus, porque não podemos esquecer em momento algum que
somos um dos países da Europa mais envelhecidos e com menor taxa de natalidade.
Os portugueses podem contar com o PSD, que acredita que esta Câmara se unirá neste desígnio nacional.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para a apresentação do projeto de resolução do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PCP tem tido uma intervenção consistente e persistente sobre a problemática da demografia e da natalidade.
A reduzida natalidade no nosso País não é uma fatalidade, nem estamos condenados a esta realidade. A
baixa natalidade é, aliás, o resultado das políticas de direita, que não dão estabilidade, segurança e condições
às famílias para poderem ter o número de filhos que desejam.
Uma das conclusões do Inquérito à Fecundidade 2013 foi a de que ter filhos não é para quem quer, é para
quem pode, revelando bem como a falta de condições económicas e sociais constitui um obstáculo no momento
da decisão do número de filhos que cada família efetivamente tem.
O diagnóstico sobre a baixa natalidade está feito. Não faltam estudos que identificam os vínculos precários,
a instabilidade no local de trabalho, os baixos salários, o desemprego, o desrespeito pelos direitos laborais e
pelos direitos de maternidade e paternidade, os elevados custos com as creches, os custos com a saúde, a
educação ou a habitação como as causas para a baixa natalidade.
Por isso, não basta constatar a realidade e manifestar preocupações com ela. É preciso identificar as causas
e os responsáveis e apontar soluções.
As famílias não precisam de medidas assistencialistas e caritativas, como o PSD e o CDS propõem.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não propõem, não!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Aliás, recordo até que o PSD e o CDS tiveram grandes responsabilidades no período em que houve a maior quebra de natalidade no nosso País. Foi um período em que a instabilidade no
local de trabalho era maior, um período de desemprego, de baixos salários e de cortes nas funções sociais. Esta
foi, de facto, a realidade.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Por amor de Deus! Como se isso acontecesse a curto prazo… Que disparate!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Podemos fazer todos os debates, mas as famílias precisam de soluções transversais e duradouras que eliminem os condicionalismos que determinam a quebra da natalidade e que
apostem em soluções que respondam aos vários fatores que a afetam. Importa criar condições para que as
famílias possam decidir, de forma livre e consciente, quantos filhos desejam ter e em que momento e importa
assegurar condições de vida dignas, a estabilidade no emprego, a valorização salarial e o acesso aos direitos
sociais.
A intervenção e a proposta do PCP, nos últimos anos, significaram importantes avanços, como o alargamento
e o reforço do abono de família, a gratuitidade dos manuais escolares em toda a escolaridade obrigatória, a
integração de vacinas no Programa Nacional de Vacinação, o pagamento a 100% do subsídio por riscos