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18 DE SETEMBRO DE 2020

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Os incentivos à natalidade passam, sobretudo, por opções políticas concretas e proativas, por combater o

desemprego, por aumentar o salário mínimo nacional, por políticas de habitação para todos, por um médico de

família para todos os portugueses, por garantir, com rigor, que nenhuma mulher é despedida estando grávida,

por combater a precariedade, por políticas no âmbito da educação, da saúde e dos transportes públicos de

acesso gratuito para crianças e jovens. Passam, também, por garantir uma rede pública de creches e infantários

gratuitos para todas as crianças, com condições e distribuídas pelo País, assegurando aos pais a certeza de,

nestes tempos cada vez mais exigentes, terem onde deixar as suas crianças, com qualidade, com carinho, com

atividades e afetos. Os incentivos à natalidade passam por ter como prioridade o combate à pobreza!

A criação de grupos de trabalho ou de comissões para se encontrarem soluções é de duvidosa utilidade. É

preciso coragem para se votar a favor de propostas que vão ao encontro da melhoria da vida dos portugueses.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos, do PS, tem a palavra para uma intervenção.

A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As políticas de família e a natalidade são temas que têm estado na agenda do debate político e social, do Parlamento e deste Governo.

Dizer o contrário, ignorar as políticas que foram sendo adotadas desde 2006 — e que voltaram a ganhar

prioridade política na ação do Governo desde 2015, com o objetivo expresso de apoiar a natalidade —, como

fazem alguns dos projetos apresentados, é contribuir para o contrário daquilo que o CDS e o PSD dizem

pretender nesses mesmos projetos.

Os estudos de caso e comparados de uma vasta literatura científica evidenciam que é a combinação

integrada, coerente e estável de várias políticas públicas ao longo do tempo, com a centralidade das políticas

de família, que permite obter resultados na criação de um ambiente que apoie as famílias na concretização dos

seus projetos e decisões parentais.

O caso da França é apontado, num dos projetos do CDS, como um exemplo na promoção da natalidade.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É verdade!

A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Mas importa lembrar que a história da adoção de políticas de família em França, com o objetivo de apoiar a natalidade, teve início no século XVIII e foi sendo sucessivamente

aprofundada e adaptada às novas realidades familiares, tendo como contexto de fundo um consenso social e

político forte desde o início.

Importa deixar bem claro que, para o PS, a importância do apoio à natalidade assenta no objetivo de

aproximar o número de filhos que as pessoas têm do número de filhos que as mesmas pessoas afirmam desejar

ter, com o objetivo de cada um e cada uma poderem ter condições para concretizar os seus projetos pessoais

e familiares.

Queremos, assim, deixar bem claro que uma das perspetivas com que o CDS fundamenta a apresentação

dos seus projetos em debate, que relaciona a perda da importância da família com a queda da natalidade, tendo

em conta as baixas taxas de nupcialidade e a elevada taxa bruta de divórcios em Portugal, não é a perspetiva

do PS nem tem evidência científica que o demonstre, muito pelo contrário.

Aplausos do PS.

Sabemos do impacto negativo das crises económicas na fecundidade, desde logo pela perda de rendimentos

e pela perda de confiança e de estabilidade face ao futuro, e, por isso, existe a necessidade imperiosa de adoção

de medidas contracíclicas, que permitam evitar a queda drástica da natalidade e promover a estabilização

possível do número de nascimentos.

As medidas que este Governo e esta Assembleia adotaram na última Legislatura, assim como nesta

Legislatura, e que, como referi, já vêm de 2006, assumem continuar a aprofundar: a definição de uma política

de rendimentos e salários dignos, justos e que acompanhem a cada vez maior qualificação das novas gerações;