I SÉRIE — NÚMERO 2
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Há coisas que não conseguimos conciliar, sendo uma delas achar que a evolução da demografia em França
foi linear desde o século XVIII…
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Não foi isso que eu disse!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — … e que, portanto, não houve discussões, reformas e momentos em que, obviamente, foi necessário repensar tudo o que estava a ser feito.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Não foi isso que eu disse!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — A Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos quis convencer-nos de que este Governo do Partido Socialista era uma espécie de século XVIII para a demografia em Portugal e de que, a
partir de agora, tudo ia correr bem.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Não foi nada disso que eu disse!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Deputada, nem o Partido Socialista fez tudo bem ou tudo mal, nem as soluções à sua esquerda esgotam o universo de soluções possíveis.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Também não disse isso!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Até vou dizer-lhe mais: de maneira nenhuma, os projetos do CDS e, acredito, também do PSD pretendem ter essa solução.
A questão que aqui colocámos é muito simples: perante a evolução demográfica existente em Portugal,
ninguém consegue convencer-nos de que, primeiro, ela é positiva e, segundo, já se nota alguma inversão
suficientemente sólida e com relevância estatística para podermos achar que algumas políticas que tenham sido
promovidas estejam a ter esse efeito de alteração substancial na evolução da nossa demografia.
Isso devia fazer-nos pensar que, por exemplo, no contexto que agora temos, com esta crise de que a Sr.ª
Deputada falou também — e bem —, temos estudos, ou seja, informação estatística, por exemplo, da DECO
(Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor), que dizem que a perda de rendimentos se generalizou
a 70% dos agregados familiares. O facto de 70% dos agregados familiares perderem rendimento tem um impacto
tal do ponto de vista social que não pode deixar de ter impacto também na demografia, designadamente na
natalidade. É óbvio que vai ter!
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputado, chamo a sua atenção para o tempo.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente. Acresce que, por exemplo, os dados do Banco de Portugal dizem que a pandemia cortou 8,2% do rendimento
das famílias, isto é, há, ao mesmo tempo, um corte de rendimentos em 70% das famílias e um corte de quase
10% nesse rendimento. Se não percebermos que temos aqui um problema acrescido àquilo que já vinha a ser
uma evolução muito negativa da demografia e que vamos ter um problema ainda mais grave na natalidade, não
estamos mesmo a perceber como é que vamos conseguir resolver todos os outros problemas estruturais do
País.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Passamos, agora, ao sexto ponto da ordem de trabalhos, que consiste na discussão, na generalidade, dos Projetos de Lei n.os 476/XIV/1.ª (PAN) — Cria uma unidade especial
de salvação e resgate animal, procedendo à terceira alteração à Lei n.º 27/2006, de 3 de julho, e à primeira
alteração ao Decreto-Lei n.º 45/2019, de 1 de abril, 494/XIV/1.ª (Deputada não inscrita Cristina Rodrigues) —
Altera a Lei n.º 27/2006, de 3 de julho, e o Decreto-Lei n.º 45/2019, de 1 de abril, procedendo à criação da equipa
especial de socorro animal e 501/XIV/1.ª (BE) — Prepara a Proteção Civil para o salvamento, resgate e socorro
animal (3.ª alteração à Lei n.º 27/2006, de 3 de julho; 3.ª alteração do Decreto-Lei n.º 134/2006, de 25 de julho;
3.ª alteração à Lei n.º 65/2007, de 12 de novembro; 2.ª alteração ao Decreto-Lei n.º 45/2019, de 1 de abril e 2.ª