O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 2

34

lucros. Foi isso que aconteceu nos casos do BPN e do Banif: os prejuízos foram públicos e os lucros para os

privados.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. Duarte Alves (PCP): — Portanto, é preciso começarmos a cair na realidade. Já pagámos as contas do Novo Banco e continuamos a pagá-las. Agora, se os prejuízos são públicos, há que garantir que os lucros

não são privados e que não se repete o mesmo erro de colocar o Estado a pagar sem ter o controlo. É esse o

sentido da iniciativa que o PCP apresentou nesta Assembleia.

Aplausos do PCP e do PEV.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Srs. Deputados, passamos ao quinto ponto da ordem do dia, com o debate conjunto dos Projetos de Resolução n.os 75/XIV/1.ª (CDS-PP) — Recomenda ao Governo que crie uma

rede de apoio familiar e promova o estudo e o debate para uma política de família e de natalidade, 77/XIV/1.ª

(CDS-PP) — Constituição de uma comissão eventual para o acompanhamento das iniciativas sobre a família e

a natalidade, 59/XIV/1.ª (PSD) — Por uma política integrada para a infância e a família e 255/XIV/1.ª (PCP) —

Recomenda ao Governo a adoção de medidas transversais e integradas de apoio e incentivo à natalidade.

Para apresentar os projetos de resolução do CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A demografia é o problema mais grave que temos em Portugal, é o problema estrutural mais grave que temos no País, é aquele

que condiciona a solução de todos os outros, pois, quando discutimos muitas matérias nesta Assembleia,

sabemos que a nossa evolução demográfica condiciona muito a eficácia das soluções que discutimos.

Os dois indicadores principais desta realidade são, por um lado, a diminuição dos nascimentos — desde o

início do século, os nascimentos em Portugal diminuíram 28% — e, por outro, o envelhecimento da população.

Com a subida dos óbitos, que aumentaram em 6% desde o início do século, a consequência é a de que temos,

desde essa altura, um envelhecimento da população de 63%.

Podemos discutir à vontade a localização da população, se é mais no litoral ou mais no interior, podemos

discutir as soluções de sustentabilidade para a segurança social, podemos discutir o modelo do Serviço Nacional

de Saúde, podemos discutir a viabilidade das reformas educativas que promovemos. Podemos, devemos e

discutimos estas questões todas, o que não podemos ignorar é que, em cada uma das referidas questões, esta

evolução demográfica pesa negativamente.

Se não invertermos esta tendência, não conseguiremos dar sustentabilidade ao modelo social em que

vivemos. Portanto, convém que, com tempo — e já não o temos em grande quantidade —, nos preparemos e

vamos tomando as medidas necessárias para restabelecermos um nível de natalidade minimamente equilibrado.

Convém dizer que, entre 2002 e 2019, a natalidade diminuiu de 1,55 para 1,42 nascimentos por mulher em idade

fértil. O valor para uma renovação geracional é de 2,1 e nós estamos em 1,42. Ou seja, estamos a envelhecer,

o que tem como consequência o aumento dos custos de todos os sistemas sociais, e estamos a ser cada vez

menos e a conseguir renovar menos, geracionalmente, a nossa população.

É por isso que o CDS entende que esta deve ser uma discussão de fundo, e não apenas uma discussão de

medidas isoladas.

Propomos, hoje, duas coisas muito claras.

Uma é no sentido de introduzir no sistema social um apoio à família que permita apoiar as decisões de

viabilidade e de gestão económicas, de gestão de saúde e de gestão social destes agregados familiares. Ou

seja, não retirando autonomia às famílias, vai no sentido de permitir que esse apoio lhes dê instrumentos para

tomarem decisões que ajudem a este desenvolvimento da natalidade e para que tenham condições de ter filhos

e renovar a população.

Na segunda iniciativa propomos que esta Legislatura seja marcada, na Assembleia da República, pela

questão da demografia. Se conseguirmos criar a comissão eventual para discutir esta matéria, estaremos a dar

um contributo que irá no sentido da reflexão que vários partidos e várias entidades públicas e privadas já fizeram

em Portugal.