I SÉRIE — NÚMERO 2
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O Sr. André Ventura (CH): — Se pesquisarmos na internet por PCP e nacionalizações — a tal internet que, em Cuba, funciona bem —, aparecem milhares de notícias. É a única solução que têm: nacionalizar,
nacionalizar, nacionalizar!
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): — Nós cá estamos para pagar, como sempre!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Já pagámos! A questão é essa!
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra, ainda para uma intervenção, o Sr. Deputado Duarte Pacheco, do PSD.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A relevância do Novo Banco para a economia portuguesa é inquestionável, quer a nível dos depositantes, quer a nível da sua participação no
financiamento da economia e das empresas portuguesas. E, por isso, tudo aquilo que acontece ao Novo Banco
é algo que deve merecer a nossa melhor atenção.
Mas é preciso pensar alto. Os problemas que acontecem no Novo Banco têm um primeiro responsável: a
gestão que aconteceu no BES e que, por isso mesmo, é um caso de polícia. E não vamos confundir as coisas
— nunca! —, apesar de haver quem esteja mais interessado em acusar forças políticas do que aqueles que são
os verdadeiros causadores do problema.
Em segundo lugar, é preciso também realçar que este Parlamento analisou com profundidade exemplar,
numa comissão de inquérito, dirigida, aliás, pelo Sr. Presidente Fernando Negrão, toda a matéria que culminou
na resolução. E o relatório que essa comissão de inquérito produziu avança o seguinte: pode não ter sido a
solução perfeita, mas foi a solução possível, repito, a solução possível naquele fim de semana trágico de agosto.
É preciso recordar que esse relatório foi aprovado por uma ampla maioria neste Parlamento,…
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Com o voto contra do PCP!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — … inclusive pelo Bloco de Esquerda. Mas é preciso ver o que aconteceu depois disso, porque persistem dúvidas e há coisas que devem ser
esclarecidas. Por exemplo, dizem algumas pessoas: «naquele fim de semana, o Banco de Portugal devia ter
tido a capacidade de fazer a avaliação de todos os ativos e de proceder a uma separação exemplar; em 48
horas, devia tê-lo feito e, se não o fez, falhou». É o que alguns dizem. Em teoria, isso pode ser verdade, mas,
humanamente, sabemos que, em 48 horas, seria impossível fazer a separação exemplar de ativos que todos
gostaríamos que tivesse ocorrido.
Depois, podemos dar o passo seguinte e, então, passamos para o momento em que se fez a alienação.
Continuava a dúvida da existência ou não de ativos tóxicos? Será que, durante os dois anos seguintes, não
houve capacidade para fazer aquilo que não se conseguiu fazer em 48 horas? Houve!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Claro que sim!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — E foi porque houve que apareceu a tal garantia. É que aquele valor de 3,9 mil milhões não apareceu por milagre, não foi uma moeda ao ar que caiu em 3,9, como se se jogasse no casino.
Não! Esses cálculos estavam feitos e estavam identificados. Portanto, aí, sim, houve um engano claríssimo,
assumido a todos os portugueses.
Por fim, ficamos nesta dúvida: foi só o Banco de Portugal? E, nesta semana, o que é que veio dizer o Dr.
Máximo dos Santos, Vice-Governador do Banco de Portugal e responsável pelo Fundo de Resolução? Veio
dizer que todo o processo de alienação foi tratado de braço dado com o Governo.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Exatamente!