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1 DE OUTUBRO DE 2020

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celeridade aos processos, combatendo justos sentimentos de ineficácia da justiça devido à sua excessiva

morosidade.

É nesse combate que estamos, pela justiça, contra a impunidade, contra a demagogia e pela democracia.

Aplausos do PCP e do PEV.

O Sr. Presidente: — Sr. Deputado António Filipe, tem quatro pedidos de esclarecimento. Como pretende responder?

O Sr. António Filipe (PCP): — Dois a dois, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: — Em primeiro lugar, tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda.

O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado António Filipe, naturalmente, a minha primeira palavra é de apreço e felicitação pela forma como abordou, nesta Câmara, a

temática da política de justiça.

Do nosso ponto de vista, Sr. Deputado, há um problema de fundo, na política de justiça, que se vem

agravando ao longo do tempo. E esse problema de fundo é o de, no próprio sistema, o incumprimento da lei

ser uma realidade. Portanto, é justamente no sistema onde a lei deveria ser o primado absoluto que ela acaba

por ser, frequentemente, incumprida.

Passo a dar vários exemplos, com os quais gostaria de o confrontar.

Em primeiro lugar, algo que o Sr. Deputado referiu, e muito bem, na sua intervenção: o incumprimento

sistemático, pelas mais altas autoridades responsáveis pela política de justiça, de compromissos legais

assumidos, designadamente na lei do Orçamento, com um incumprimento sistemático da apresentação e

aprovação de estatutos profissionais, centrais para o funcionamento do sistema judiciário — em primeiro lugar,

e desde logo, o do Ministério Público, depois o dos juízes e agora este atraso inqualificável da apresentação e

aprovação do estatuto dos funcionários judiciais.

Quero, aliás, em nome do Bloco de Esquerda, deixar uma palavra de saudação para a greve dos

funcionários judiciais que está hoje a ocorrer e que é um protesto muito importante e muito justo face a este

incumprimento da lei por parte do Governo.

Mas há mais: incumprimento, também, da lei no que diz respeito ao funcionamento do sistema prisional e

do sistema penitenciário. Nas audições que levámos a cabo no âmbito da Subcomissão para a Reinserção

Social e Assuntos Prisionais, ficou já estabelecido, com clareza, que o Código da Execução das Penas e

Medidas Privativas da Liberdade é quotidianamente incumprido nos nossos estabelecimentos prisionais, em

matérias tão básicas quanto o princípio, absolutamente fundamental, de celas individuais e até o apoio jurídico

aos reclusos e outros aspetos deste Código.

Finalmente, um terceiro exemplo, que, aliás, o Sr. Deputado referiu: a tabela de honorários do sistema de

acesso ao direito. Na verdade, o aumento mecânico que ocorreu recentemente, de cerca de 8 cêntimos, é um

insulto aos advogados que trabalham no sistema de acesso ao direito e é um incumprimento flagrante da lei,

que mandava que a atualização da tabela de honorários obedecesse quer à evolução da inflação quer ao

princípio do pagamento digno de uma remuneração para todos os advogados.

O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.

O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Concluo, Sr. Presidente, perguntando ao Sr. Deputado António Filipe se não lhe parece que o incumprimento da lei é um aspeto essencial e se há, eventualmente, aspetos a

melhorar no próprio sistema de relação da justiça com o tecido social, para que não haja uma proteção de

aspetos que são nocivos e para que haja uma maior abertura e transparência do próprio funcionamento da

justiça.

Aplausos do BE.