I SÉRIE — NÚMERO 7
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O Sr. Deputado diz: «Bom, o PCP quer ser responsável por coisas boas, mas depois não quer ser
responsável por coisas que ficaram por fazer.» Não, Sr. Deputado, nós assumimos todas as responsabilidades
daquilo que defendemos nesta Assembleia.
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Depois de o ouvir…
O Sr. António Filipe (PCP): — Aliás, é por isso que aproveito para responder também, de certa forma, a uma das questões colocadas pelo Sr. Deputado Telmo Correia, que foi a de saber se nos batemos ou não por
estes investimentos que aqui defendemos. Tanto nos batemos, Sr. Deputado, que tenho aqui a proposta que o
PCP apresentou na discussão, na especialidade, do Orçamento do Estado para 2020 — e fui buscar, de facto,
o mais recente — para a aprovação de um plano plurianual de investimento na investigação criminal. Ora bem,
esta proposta teve os votos contra do Partido Socialista, o que lamentamos, mas poderia ter sido aprovada,
não tivessem sido as abstenções do PSD, do CDS e do Chega.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Oh! A sério?!…
O Sr. António Filipe (PCP): — Ora, imaginem lá os senhores que, com a vossa votação, inviabilizaram a possibilidade de ser aprovado, no Orçamento do Estado para 2020, um plano de investimento plurianual na
investigação criminal, que estaria agora em vigor.
Protestos do Deputado do PSD Carlos Peixoto.
Poderiam estar agora, eventualmente, a criticar o Governo por não dar cumprimento cabal a esta
disposição, mas ela teria sido aprovada, se os Srs. Deputados tivessem aprovado a proposta do PCP, o que
não fizeram.
Protestos do Deputado do CDS-PP Telmo Correia.
Pergunta o Sr. Deputado Telmo Correia se continuaremos a bater-nos por isso. Sim, continuaremos, e
todos somos responsáveis pelas opções que fazemos nesta Assembleia, quer em matéria orçamental, quer,
evidentemente, em outras matérias. E com isto respondo também, de certo modo, ao Sr. Deputado Telmo
Correia no que diz respeito ao balanço que fazemos. Nós consideramos que não tem havido o investimento
necessário para resolver problemas estruturantes do sistema de justiça a vários níveis, quer a nível da
investigação criminal, quer a nível da dotação dos tribunais com os meios necessários, quer a nível do sistema
prisional, quer a nível do estatuto socioprofissional, porque, tirando o problema do estatuto dos magistrados,
que está resolvido, o dos outros profissionais do sistema não está, e está muito longe de estar resolvido. E
continuaremos também a bater-nos por isso.
Sr.ª Deputada Isabel Rodrigues, agradeço as questões que formulou e queria dizer-lhe o seguinte: já vou
ficando entradote e lembro-me das denúncias feitas aqui pelo Procurador-Geral da República José Narciso da
Cunha Rodrigues, ao tempo dos Governos de Cavaco Silva, quando disse, nesta Assembleia, que os
processos criminais iam do Ministério Público para o Tribunal da Boa Hora no estribo do elétrico, porque não
havia um carro que permitisse ao Ministério Público levá-los. E, então, os passageiros reclamavam, porque o
elétrico ficava muito tempo parado, para que os funcionários do Ministério Público metessem os processos no
estribo do elétrico para os levar para a Boa Hora. Esta era a situação da investigação criminal nos anos 90.
A situação já não é essa e os passos que foram dados, em matéria legislativa, nesta Assembleia,
designadamente em 2010, quando se fez um trabalho muito importante…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou concluir, Sr. Presidente. Como estava a dizer, os passos que foram dados, designadamente com a aprovação da resolução de 2010
que aqui citei, e que, se não estou em erro, foi aprovada por unanimidade, foram importantes, estão a dar