1 DE OUTUBRO DE 2020
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Parlamento, ou seja, que passemos a vida a querer atirar pedras uns aos outros em vez de irmos ao fundo das
questões e de procurarmos soluções.
Aplausos do PSD.
Se eu quisesse ir por essa linha, Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, podia perguntar-lhe o seguinte: mas
quem aprovou o último Orçamento do Estado, que tinha lá a verba para o Novo Banco? Não foi o PAN?
Aplausos do PSD.
Sr. Deputado, dizer que o problema do Novo Banco nasceu com o Governo do PSD é tão sério como dizer
que esta pandemia nasceu com o Governo do Partido Socialista. Percebe? É algo que não tem nada que ver
com a governação e que ocorre no mesmo momento em que alguém está a governar.
Aplausos do PSD.
Sr. Deputado Duarte Alves, a vossa solução é sempre a mesma: mesmo que fique mais cara não interessa,
a nacionalização é sempre opção para tudo, mesmo que a partir desse momento custe mais e mais dinheiro
aos contribuintes. Não é essa a nossa solução, porque preferimos uma solução que possa ser menos onerosa
e que seja melhor para a economia.
Volto a deixar aqui o repto — já não vão responder hoje, mas fico na expetativa de poderem dizê-lo
publicamente: o que é que os senhores têm contra o facto de uma entidade pública, como o Tribunal de
Contas, poder fazer uma auditoria a tempo e horas antes de a última injeção poder estar em cima da mesa e
de transferirmos mais 1000 milhões de euros para o Novo Banco?
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Se não têm nada a opor digam-no claramente para que esse sinal chegue a quem de direito e para que o Tribunal de Contas possa iniciar, de imediato, a sua atividade e
começar a auditar as contas do Novo Banco.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Duarte Pacheco, seguem-se mais três pedidos de esclarecimento. O primeiro cabe à Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Duarte Pacheco, não se trata de uma resolução que não foi perfeita. Vamos ser objetivos e objetivas: a resolução foi um desastre, porque os
prejuízos não foram assumidos, porque se criou a ficção de um banco limpo e porque a então Ministra das
Finanças disse — é preciso assumi-lo — que o Estado não iria pagar eventuais prejuízos do Novo Banco, e
isso era objetivamente falso.
No entanto, é verdade que a venda foi ruinosa e que a mesma promessa falsa foi feita aos portugueses
aquando dessa venda ruinosa. Lamento que o PSD tenha permitido a venda. Podia ter impedido essa venda
votando na Assembleia da República. Lamento também que o PSD tenha chumbado a proposta que permitia
que as novas injeções tivessem de ser aprovadas na Assembleia da República.
Mas estamos de acordo com o seguinte: não vale a pena esperar que as injeções que sobram sejam feitas
para, depois, vir fazer arqueologia dos prejuízos. Se o Parlamento tem poder para travar, agora, as novas
injeções e as negociatas que o Lone Star está a fazer com o Novo Banco, então tem de travar essas
negociatas. É essa a nossa responsabilidade!
Por isso, defendemos que o Fundo de Resolução tem de ser imediatamente substituído, porque não nos dá
garantias de confiança na fiscalização das contas do Novo Banco. Por isso, defendemos uma auditoria pública