8 DE OUTUBRO DE 2020
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outro aspeto, que contraria os objetivos da criação de contratações locais, de favorecer os circuitos curtos e de
valorizar o desenvolvimento regional, não estou de acordo. Mas a Assembleia ponderará devidamente.
Quanto às outras matérias, responderei depois, para ainda ter algum tempo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, ficaram já duas perguntas por responder: a questão da rota e do «ridículo» do Sr. Ministro da Administração Interna e a questão das freguesias.
O último tema de que queria falar foi o tema de abertura deste debate. Sr. Primeiro-Ministro, são vários temas,
mas sabe o que é? É a falta dos debates quinzenais, não é? Quer dizer, acabaram com eles e, agora, há muitos
temas, de dois em dois meses. Não há outra coisa a fazer.
Como estava a dizer, o último tema de que queria falar foi o tema de abertura deste debate: a questão da
saúde. Acho que, obviamente, o diagnóstico que abriu este tema é bem feito e os números são corretos. Ou
seja, estamos a falar, de facto, de cerca de 7 milhões de atos presenciais que não aconteceram. Estamos a falar
de entre 1,1 milhões, segundo a Sr.ª Ministra, e 3 milhões, segundo a Ordem dos Médicos, de consultas que
não foram feitas. Estamos a falar de 1 milhão de portugueses sem médico de família. Estamos a falar de uma
taxa de mortalidade que aumentou — houve 6000 mortos durante este período e não terá sido, seguramente,
só uma questão do calor, como o Sr. Primeiro-Ministro disse.
A questão, do nosso ponto de vista — e, sobre isso, não concordamos com o que ouvimos —, não é tanto a
do diagnóstico, mas a da terapêutica a aplicar.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, informo-o de que, a partir deste momento, começa a descontar o tempo da próxima ronda para a sua bancada.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Com certeza, Sr. Presidente. Estou a terminar. Diz o Sr. Primeiro-Ministro: «Vamos contratar mais profissionais de saúde.» Muito bem, não temos nada
contra isso. Diz: «Vamos reforçar o Serviço Nacional de Saúde.» Certo, também não será esse o problema. A
questão que se coloca, que não foi referida na pergunta inicial e que não teve resposta até agora, é a de saber
que resposta podemos ter para além disso. É que, Sr. Primeiro-Ministro, na nossa opinião, o Serviço Nacional
de Saúde, por mais reforçado que seja, não será nunca suficiente.
Ouvimos a história da requisição e de acabar com o privado, que o Bloco de Esquerda e os seus parceiros
daquele lado levantam sempre. O que se devia fazer não é requisitar nem acabar com o privado. O que se devia
fazer, Sr. Primeiro-Ministro, e o que deve fazer ainda hoje é contratualizar com o privado. É por aí o caminho e
é por aí a solução, porque o cidadão comum, seja para o que for, seja para fazer um teste, seja para fazer um
tratamento, não tem acesso ao privado, como é evidente. É só contratualizando que haverá uma resposta.
Esta é a pergunta: está, ou não, disposto a contratualizar mais e a utilizar mais toda a capacidade instalada,
Sr. Primeiro-Ministro?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Telmo Correia, à última questão já respondi várias vezes, portanto, não tenho muito mais a acrescentar.
Sobre as outras duas questões, em primeiro lugar, estamos a trabalhar, quer com o Governo de Marrocos,
quer com os dispositivos próprios, para assegurar que os canais legais de imigração existem e que os canais
ilegais de imigração não podem funcionar.
Quanto à questão das freguesias, o Governo não pretende criar nenhuma freguesia. Além do mais, como
sabe, constitucionalmente, isso é da absoluta competência da Assembleia da República. Portanto, pode estar
tranquilo, porque, mesmo que quiséssemos criar freguesias, não podíamos criá-las.