8 DE OUTUBRO DE 2020
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O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, devo confessar-lhe que fico muito satisfeito que, no termo do mandato do Sr. Conselheiro Vítor Caldeira, seja unânime o reconhecimento da
boa escolha que o Governo fez e a que o Presidente da República deu seguimento ao nomeá-lo, há quatro anos.
Aliás, entendo isto como um voto de confiança de que a nova escolha e a nova nomeação só podem indiciar
que, daqui a quatro anos, terá um apreço tão grande o Conselheiro José Tavares como hoje tem o Conselheiro
Vítor Caldeira.
Aplausos do PS.
Relativamente aos fundos, como tenho dito, é uma enorme responsabilidade que temos, é uma gigantesca
responsabilidade, ninguém nos perdoaria se houvesse um cêntimo mal gasto relativamente a estes fundos
comunitários de natureza excecional.
Por isso, resolvemos dotá-lo e enquadrá-lo com uma visão estratégica, assente num debate público,
desenvolvido e desenhado por uma personalidade externa ao Governo que mobilizou a sociedade civil. É que o
escrutínio começa na elaboração e no desenho do programa e foi por isso que o Governo tomou a iniciativa de
organizar, aqui, na Assembleia da República, um debate temático sobre o Plano de Recuperação e Resiliência.
Tenho pena que, por exemplo, a Sr.ª Deputada não tenha dado o devido contributo para esse Plano de
Recuperação e Resiliência, que, seguramente, muito teria ajudado a enriquecer o seu conteúdo.
Aplausos do PS.
Da mesma forma, não só se vão manter todos os mecanismos de controlo que têm existido como estamos a
trabalhar num modelo de governação que reforce esses mecanismos de controlo e de escrutínio. Desde logo,
como sabe, estamos plenamente de acordo com um portal, que já está a ser trabalhado, que permita agregar
de forma transparente, clara e em tempo real todo o fluxo relativo aos fundos comunitários, para além da
informação que já é sempre disponibilizada pela ADC (Agência para o Desenvolvimento e Coesão) e pelas
outras entidades gestoras.
E mais: demos um passo da maior importância, que foi descentralizar a execução dos fundos como nunca
tinha sido feito. Esta é a primeira geração de fundos que não vai ser executada por CCDR (Comissões de
Coordenação e Desenvolvimento Regional) nomeadas pelo Governo, mas vai ser executada por CCDR eleitas
pelos autarcas de cada uma das regiões.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Primeiro-Ministro, labora em equívoco ou, de facto, está mal informado, porque o PAN não se furtou a dar os seus contributos, quer para o Plano de Recuperação e
Resiliência, quer, evidentemente, para o Orçamento do Estado para 2021.
Mas, já que falamos de Orçamento, não posso deixar de lhe referir uma preocupação do PAN com a
estagnação do salário médio em Portugal. A verdade é que a classe média muito pouco ou nada beneficiou do
tão propalado virar da página da austeridade. Ano após ano, enquanto viam, e bem, o salário mínimo aumentar,
ouviam a promessa do Governo — aliás, de sucessivos governos — de que «para o ano é que é», enquanto
viviam numa verdadeira situação de exaustão fiscal.
O PAN tem defendido que, a par do aumento do salário mínimo, é importante dar também um sinal claro à
classe média e rever os escalões intermédios de IRS (imposto sobre o rendimento das pessoas singulares),
algo que teria um impacto direto na vida destas pessoas e lhes daria um efetivo aumento de rendimentos, que
nos parece mais do que justo.
Esta medida custaria ao País cerca de 206 milhões de euros, que, na nossa opinião, poderiam, e deveriam,
ser mais do que compensados de diversas formas, nomeadamente em sede de renegociação das PPP