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I SÉRIE — NÚMERO 10

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Queria dizer-lhe, Sr. Primeiro-Ministro, que achamos que foi um erro a forma como foi conduzida a

substituição do Presidente do Tribunal de Contas. Não que os mandatos tenham de ser prolongados ou

renovados, que não têm, mas, de facto, se a ideia era ser só um mandato, isso deveria ter sido dito mais cedo.

Como sabe, o mandato de Procurador-Geral da República é mais longo, de seis anos, não quatro, e a clareza

teria ajudado a todo este processo.

No momento em que no Parlamento se mexe na legislação que o Tribunal fiscaliza, é importante haver essa

transparência e essa tranquilidade. Desse ponto de vista, quero dizer-lhe também que lamentamos que a

escolha do novo Presidente do Tribunal de Contas, que foi feita por PS e PSD, não tenha podido ser mais isenta

de polémica, porque precisávamos dessa tranquilidade.

Mas, Sr. Primeiro-Ministro, há uns contratos, em particular, de que lhe queria falar, que são os das PPP

(parcerias público-privadas) rodoviárias.

O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, a partir de agora, o tempo começa a descontar na próxima ronda.

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Com certeza, Sr. Presidente. No dia 3 de abril, o Sr. Primeiro-Ministro garantia que as PPP não seriam indemnizadas. Dizia mesmo que a

situação que estávamos a viver era de tal forma que não se poderiam invocar cláusulas dessa natureza.

Ora, a 30 de abril, o Governo aprovou um decreto-lei em que diz que não vai compensar as PPP rodoviárias

pelo período do estado de emergência, mas, na verdade, vai prolongar os contratos para as compensar das

perdas ao longo do período da pandemia.

Isto parece não ter muito sentido. O Orçamento para 2020 já prevê mais de 1100 milhões de euros só para

as PPP rodoviárias, que, como sabe, é das áreas mais lucrativas. Só a Brisa, no ano passado, teve mais de 200

milhões de euros de lucros. Têm perdas com a pandemia e há menos tráfego nas autoestradas? Seguramente!

Mas o que dirá o dono de um café ou de um restaurante, sujeito a novas regras e a novos horários e,

seguramente, com muitas perdas?

Como é que o Governo pode achar normal prolongar os contratos e, portanto, onerar Orçamentos futuros

com mais dinheiro para as PPP rodoviárias, quando todos os outros setores da economia estão a ter o impacto

natural da quebra de atividade, sem terem nenhuma compensação deste género? Porquê, logo para o negócio

mais lucrativo, a maior das compensações?

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, ao longo dos últimos cinco anos, temos vindo a fazer um esforço muito significativo de recuperação, após o desinvestimento havido no Serviço

Nacional de Saúde.

Só na versão original deste Orçamento, tivemos o maior reforço orçamental anual de sempre, em mais 900

milhões de euros. No Orçamento Suplementar, já adotado em consequência da pandemia, reforçámo-lo em

mais 500 milhões de euros. Ou seja, só neste ano, tivemos um reforço de 1400 milhões de euros, o que

corresponde, só neste ano, a tudo aquilo que a direita tinha reduzido em investimento no Serviço Nacional de

Saúde, nos quatro anos em que governou.

Aplausos do PS.

No quadro deste reforço, assumimos, no Orçamento do Estado para 2020, o objetivo de, no espaço de dois

anos, em 2020 e 2021, contratarmos mais 8400 profissionais. É evidente que, em janeiro, quando aprovámos o

Orçamento, desconhecíamos todos que, no dia 2 de março, iríamos ter o primeiro caso de COVID. Isso foi,

obviamente, perturbador do processo de contratação e, naturalmente, foi dada prioridade a podermos contratar

para o Serviço Nacional de Saúde, em termos extraordinários para responder de imediato à emergência da

COVID, 4406 profissionais.