10 DE OUTUBRO DE 2020
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Para dar mais uma nota, vemos como fundamental que o sistema, no seu todo, venha a sofrer as
alterações que o tornem mais ágil e melhor. O PSD apela a esta Câmara que, em sede de especialidade,
contribua para que aqueles aspetos que ainda precisem de alguns ajustes, para os quais nós estamos
naturalmente abertos, como aqui já foi dito, sejam também limados e que as arestas sejam tratadas para que
os portugueses finalmente digam que o Parlamento está preocupado com eles e quer que possam votar nas
melhores condições, sem situações impossíveis de cumprir. Esse é um direito e uma obrigação básica e
fundamental que nós temos para com os portugueses.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção vai ser proferida pelo Sr. Deputado Telmo Correia, do CDS-PP.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começo por referir que, desde logo na intervenção inicial feita pelo Partido Socialista, são-nos apresentados vários diplomas sob a capa,
indiscutivelmente bonita, da qualidade da democracia.
A qualidade da democracia é uma coisa que nós apreciamos, ainda que eu não possa deixar de registar
que, precisamente nesta Legislatura, e em particular nesta Sessão Legislativa, não tem sido a realidade mais
bem tratada, designadamente aqui dentro, no Parlamento.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O fim dos debates quinzenais, o domínio dos dois maiores partidos centrais na agenda e no debate parlamentar, as limitações à iniciativa dos cidadãos não têm sido bons
exemplos de aprimoramento ou de aperfeiçoamento da qualidade da democracia.
Dito isto, quero deixar ainda uma segunda nota prévia.
O Governo, designadamente o Sr. Ministro da Administração Interna, tinha falado, mais do que uma vez,
sobre o desenvolvimento do voto eletrónico. Sabemos que o voto eletrónico tem as suas dificuldades,
inclusivamente que nos países onde é generalizado nem sempre tem a melhor fiabilidade entre o voto e a
pretensão do eleitor, porque se traduz, depois, numa simplificação massiva, o que não é forçosamente o ideal.
Mas poderia ser uma melhoria e poderia, evidentemente, resolver muitos destes problemas. Em termos de
voto eletrónico, também registamos o que acontece — nada. Também sabemos que o Sr. Ministro da
Administração Interna é pródigo em prometer, anunciar, dizer que vai fazer, mas não faz coisa nenhuma — o
habitual. Não costuma cumprir aquilo que promete e depois a ideia que nos dá é a de que, não tendo feito
nada nesta matéria, temos um agendamento potestativo do partido que apoia o Governo para fazer qualquer
coisinha, ou seja, agendamento típico.
Protestos do Deputado do PS Pedro Delgado Alves.
Reconheço, Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, agendamento da maioria que apoia o Governo para, de
alguma forma, tomar aqui algumas iniciativas que não estavam tomadas.
Vamos agora ao concreto do que está em causa, que é o voto em mobilidade, do qual somos a favor.
Sempre fomos e continuamos favoráveis ao voto em mobilidade. Em relação a essa matéria, temos de esperar
que não aconteça o que aconteceu nas últimas eleições, em que os cidadãos quiseram votar — e
designadamente na votação antecipada — e foi o caos, com filas intermináveis, com falta de organização, com
todos a quererem votar ao mesmo tempo. Isso é que não pode nem deve acontecer.
Mas somos a favor do voto em mobilidade. Chamamos, no entanto, a atenção do Governo — e ouvimo-lo
aqui sobre essa matéria — para que, teoricamente, o alargamento das mesas é uma boa ideia, mas isso, por
si só, não resolve o problema e implica mais umas centenas ou milhares de pessoas, com os custos inerentes.
Portanto, há em relação a isso uma dúvida razoável que tem de ser ponderada.