28 DE OUTUBRO DE 2020
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O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Porfírio Silva, muito obrigado pela sua intervenção, não pelas palavras que proferiu… que «porfirio»…
Risos do PSD e do CH.
É um trocadilho.
Deixe-me dizer-lhe que o Partido Socialista, sempre que tem dificuldade em defender o que quer que seja,
neste caso o Orçamento, e já se percebeu que há uma dificuldade — aliás, há dias, na Comissão de
Orçamento e Finanças, percebemos que o Sr. Ministro das Finanças tem também dificuldade, portanto não
defende o Orçamento — cria uma coisa que chamou, há uns anos, toda a gente se lembra, de «narrativa».
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — E a narrativa que criou aqui é uma narrativa de que o PS gosta.
Protestos do PS.
Já aconteceu no tempo de José Sócrates. Lembra-se também desse tempo?! Foi o tempo em que o PSD e
o CDS tiveram de salvar o País!
Portanto, essa narrativa, criada na altura do Governo de José Sócrates, surge quando o PS tem dificuldade
com a verdade. Quando não consegue falar verdade, cria uma narrativa.
E qual foi a narrativa que o Sr. Deputado hoje criou aqui? É a narrativa de que o PSD é que é responsável,
de que o PSD é que é austeritário, de que o Deputado Rui Rio… Portanto, há aqui uma obsessão. É uma
narrativa obsessiva para com o PSD.
Aplausos do PSD.
Sr. Deputado, só esperamos que não seja compulsiva. Obsessiva sim, mas, se for compulsiva, manter este
tipo discurso nos próximos dias vai ser complicado. Mas já percebemos que há um discurso preparado para
criar a narrativa.
Acho, porém, que o Sr. Deputado não respondeu, ou pelo menos não falou, esqueceu-se, de certeza, ou
não ouviu, mas eu posso dar-lhe o discurso que fiz da tribuna, foi ao tema das empresas. É porque este
Orçamento do Estado não tem empresas, é um total vazio, é um zero absoluto.
Aplausos do PSD.
Mas, Sr. Deputado, o que se passa é uma coisa muito simples: o PS andou desde junho, julho, agosto,
setembro, outubro — cinco meses — a negociar com o Bloco de Esquerda. Deve ter ficado numa bolha a
estudar os assuntos, a discutir e não falou com as empresas, não falou com as pessoas, não falou com os
portugueses. Nós falamos todos os dias com os empresários — ainda ontem, tivemos várias reuniões — e
ouvimos as pessoas dizer que não há nada no Orçamento que seja importante, que seja significativo, que seja
relevante para as empresas. Não há nenhuma política para as empresas. Esta é uma questão relevante e era
importante que falasse sobre isso, mas resolveu não falar.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Vai responder às perguntas?!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Haverá um tempo, na especialidade. Como sabe, a obrigação do Orçamento é do Governo, ao Governo compete apresentar propostas e não fale com o PSD em matéria de
responsabilidade, Sr. Deputado.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Ai não?!