I SÉRIE — NÚMERO 19
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Como é óbvio, quando, daqui a minutos, o PSD, o CDS, o Iniciativa Liberal e o Chega se levantarem para
chumbar esta proposta de Orçamento, na generalidade, o Bloco de Esquerda estará de pé, na fotografia, a votar
ao lado desta direita e desta opção.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CH.
Lá fora há um País que pede respostas, sem medo de governar, sem medo de vencer o inimigo invisível,
sem medo de partilhar o risco da gestão da maior crise que cada um de nós vive e que nunca imaginámos viver.
Em democracia há sempres alternativas. A escolha do Grupo Parlamentar do Partido Socialista é clara:
estamos ao lado dos portugueses, a trabalhar arduamente, com o Governo, para vencer esta crise. Este é o
Orçamento que protege os rendimentos. É o Orçamento que protege o poder de compra e que protege a
atividade económica.
O Partido Socialista não foge à exigência do momento. Votaremos pela recuperação da economia, pela
proteção do emprego e dos rendimentos, pelo combate à pandemia, votaremos pelo SNS, votaremos pela escola
pública. Votaremos a favor, por Portugal e pelos portugueses!
Aplausos do PS, de pé.
O Sr. Presidente: — Para concluir a fase de encerramento do debate, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira.
O Sr. Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital (Pedro Siza Vieira): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: No passado dia 2 de março foi confirmado o primeiro caso de infeção por SARS-CoV 2 no
nosso País. Nos escassos oito meses que decorreram desde então, a nossa vida coletiva tem sido,
essencialmente, determinada pelo impacto da pandemia.
Em Portugal, como no resto da Europa, como no resto do mundo, o combate à doença tornou-se central no
modo como cada um de nós se relaciona com os outros, como as nossas empresas se organizam, como
decidimos alocar os recursos do Estado.
Em todo o lado, os Governos procuraram, inicialmente, conter a propagação da doença pelo método mais
antigo conhecido, a quarentena, o confinamento. Em consequência, a atividade económica mundial conheceu
a mais abrupta e violenta contração desde que há registos. Uma crise de saúde pública converteu-se numa crise
económica e social à escala global.
Recursos inéditos, em tempos de paz, foram utilizados para reforçar a capacidade de resposta dos serviços
de saúde; apoios massivos foram utilizados para apoiar as empresas e preservar o emprego; respostas novas
foram utilizadas para proteger o rendimento daqueles que se viram privados de atividade profissional. A dívida
pública, em todo o mundo ocidental, subiu para níveis que só encontram paralelo na II Guerra Mundial.
Hoje, sabemos muito mais sobre este vírus, conhecemos melhor os seus mecanismos de propagação,
melhorámos a capacidade de tratamento da doença que ele causa e foi mobilizado um esforço inédito de
investigação científica e industrial em todo o mundo, com vista a desenvolver, produzir e distribuir uma vacina
segura e eficaz, a partir do início do próximo ano.
E, no entanto... No entanto, este vírus continua a surpreender-nos e a condicionar toda a agenda política.
Até ao momento, a doença já afetou 43 milhões de pessoas em todo o mundo e o número de mortes já atinge
1,2 milhões.
Uma segunda vaga, que todos esperavam para o inverno, surgiu umas semanas mais cedo, com uma
intensidade e uma rapidez que surpreendeu populações e Governos. Por toda a Europa e nos Estados Unidos,
os números de novos contágios batem recordes todos os dias, os internamentos e óbitos ultrapassam os
números desta primavera. Países que tinham sido relativamente poupados na primeira vaga figuram agora entre
aqueles em que o crescimento é maior. Aquelas nações mais afetadas no início do ano voltam a ser fustigadas
por novos e intensos casos da doença.