29 DE OUTUBRO DE 2020
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Muitas das medidas que o PCP, o PEV, o BE e o PAN colocaram em cima da mesa das negociações estão
incluídas nesta proposta de Orçamento do Estado e é também contra as suas propostas que o Bloco de
Esquerda vai votar.
Aplausos do PS.
Da parte do PS, manteremos até ao fim o nosso compromisso de negociar em sede de especialidade até à
votação final global, porque ninguém compreenderá que se abandone o País num momento difícil como o que
vivemos. Não basta chorar lágrimas de crocodilo, dizer que ninguém fica para trás e daqui lavar as mãos como
se não houvesse a responsabilidade de responder com este Orçamento à maior crise dos nossos tempos.
Aplausos do PS.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados; Há oito meses entrámos num terreno desconhecido. Todos nós, como
portugueses, fomos chamados ao combate das nossas vidas, a esta guerra desconhecida, traiçoeira, invisível.
Combatemos o inimigo comum que circula pelas nossas ruas, que irrompe pelos jantares de família, que adia
abraços e prolonga saudades.
Foi por isso que, perante o desconhecido, não desistimos, nem nunca desistiremos, perante o medo,
resistimos e, perante a emergência, agimos.
Numa situação única, jamais comparável com qualquer período da nossa história, reforçámos, sem
precedentes, o Serviço Nacional de Saúde: mais profissionais de saúde, mais equipamentos, mais investimento.
Na corrida por equipamentos de proteção individual reinventámo-nos enquanto País. As fábricas do nosso
País juntaram-se ao esforço nacional para termos ventiladores, máscaras, luvas, zaragatoas. Os trabalhadores
tiveram a garantia de que não cairiam no desespero de não ter como pôr comida na mesa. As escolas avançaram
anos na adaptação às novas tecnologias e, desde casa, garantiram educação e conhecimento aos nossos
jovens e às nossas crianças.
A forma, a força, a determinação com que, desde a primeira hora, combatemos a pandemia assenta também
nas decisões do passado, trilhadas em comum. Ao longo dos últimos cinco Orçamentos do Estado valorizámos
os serviços públicos, equilibrámos as contas públicas, diminuímos a dívida pública, trabalhámos para termos
juros baixos como nunca.
Foi um trabalho do Partido Socialista, mas foi um trabalho ao qual o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista
Português e o Partido Ecologista «Os Verdes» não faltaram, e não faltaram porque, perante as nossas
divergências, soubemos convergir contra a austeridade e não faltaram quando percebemos todos que havia
uma esperança, uma alternativa para o País que não passasse pela continuação do empobrecimento, uma
estratégia que gerou desemprego, miséria, dor e fome.
A nossa estratégia de combate à crise é, por isso, em toda a sua extensão, diferente daquela da direita. E é
nesta dicotomia de estratégias que aguardamos o natural e óbvio apoio dos nossos parceiros à esquerda. Esta
é a estratégia que construímos juntos nos últimos cinco Orçamentos e que este Orçamento reforça.
Hoje, que a necessidade é mais premente, que a exigência é imediata, que o interesse nacional mais precisa
de nós, hoje é hora de ninguém faltar à chamada, tal como não faltámos em 2015.
Aplausos do PS.
Sr. Deputado Rui Rio, não nos iludimos com o discurso que acaba de fazer, porque o PSD já disse ao que
vem ao longo destas semanas: quer repetir a receita, quer, estranhamente, ajudar as empresas empobrecendo
o País. A solução, Sr. Deputado, não é regressar à austeridade, a solução não é o Estado mínimo, a solução
não é privatizar funções básicas e serviços públicos, a solução não é o Estado virar as costas aos portugueses.
Protestos do Deputado do PSD Cristóvão Norte.
A sensibilidade social deste Orçamento afasta, naturalmente, a direita parlamentar das soluções propostas.