7 DE NOVEMBRO DE 2020
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COVID-19 e para os milhões de consultas e os milhares de cirurgias que ficaram por fazer. Não o fez. Não o
fez porque, obstinadamente, optou sempre pela ideologia. Só agora o faz e, mesmo assim, só através das
ARS (administrações regionais de saúde) e pouco. E o decreto que agora nos é apresentado vem, de resto,
dizer que se propõe utilizar estes recursos, esperamos nós que sempre por acordo.
O que parece ficar claro é que o Governo, ou parte dele, por arrogância e obstinação ideológica, quis
vender a ideia da absoluta suficiência do público, procurando com isso, também, agradar aos seus parceiros
da esquerda radical e aos seus sonhos de fazer, do nosso País, uma Cuba ou uma Venezuela, na Europa.
Vimos, hoje, essa obstinação ideológica aqui bem presente.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Está com febre!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Terceiro erro, as sucessivas incoerências. Desde o início, assistimos a um sem fim de mensagens contraditórias ou erradas. Desde o uso da máscara, que era contraproducente e
que ninguém deveria vir mascarado para o 25 de Abril, até ao Sr. Primeiro-Ministro me dizer que o controlo de
temperaturas era desnecessário porque poder-se-ia ter tomado paracetamol e não se ter febre ou poder-se-ia
ter febre por qualquer outra razão.
Chegámos aqui, hoje, com o uso de máscara obrigatória na rua e um decreto de estado de emergência que
prevê, precisamente, o controlo de temperatura. Passámos de oito a oitenta, por incompetência.
E foram, também — é preciso que seja dito —, passadas mensagens erradas aos portugueses, que foram
sempre mais responsáveis do que os próprios políticos. Era o tempo de os políticos irem, durante a tarde, de
fato de banho, a caminho de uma praia para, depois, à noite, irem a caminho de um espetáculo.
Esta realidade aconteceu, para mais sem verdadeiro escrutínio político. Porquê? Por mais três razões:
primeiro, porque, inopinadamente, acabaram as reuniões de informação no Infarmed (Autoridade Nacional do
Medicamento e Produtos de Saúde); segundo, porque a Assembleia diminuiu a sua capacidade de
fiscalização, ao diminuir os debates e ao, por acordo entre PSD e PS, acabar com os debates quinzenais, mas
também, em terceiro lugar, com o argumento de que não podem existir eleições antecipadas — que não creio
que alguém tenha pedido — porque a chefia do Estado optou por uma total sintonia com o Executivo,
abdicando de uma exigência.
Pessoalmente, acho mesmo que houve exigência a menos e Dupond e Dupont a mais entre Belém e São
Bento.
Não obstante, e em conclusão, o CDS não muda de posição e não falhamos com o nosso voto nas
questões essenciais. Não aderimos ao unanimismo e não deixamos de fazer as críticas que consideramos
justas, mas não falhamos aos portugueses quando a situação é de uma grande gravidade e mais medidas são
necessárias.
Temos consciência de que estas medidas e este confinamento, ainda que limitado, trará mais dificuldades
para a economia e que, por isso, exige uma resposta mais forte de apoio às empresas. Estaremos atentos!
Perante a gravidade da situação, não nos pomos com pruridos ideológicos pouco relevantes quando o que
está em causa é a saúde e a vida de tantos portugueses. Somos mesmo o oposto dos populismos capazes de
defender tudo e o seu contrário — mais máscara, menos máscara.
Temos consciência da gravidade do que estamos a enfrentar. E, se não deixamos de fazer as críticas
pertinentes, não será pelo CDS que quem nos governa, num momento obviamente de enorme dificuldade,
deixará de ter os instrumentos necessários para responder a esta emergência.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O Governo não merece sequer esse pretexto.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Termino, Sr. Presidente, dizendo que o nosso voto a este decreto é favorável, pensando, sobretudo, nos portugueses, que, como aqui disse, foram sempre, e sempre, mais
responsáveis do que quem nos governa.