21 DE NOVEMBRO DE 2020
9
O Sr. João Dias (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Porque é que as feiras e mercados de levante, realizados, por definição, a céu aberto, hão de começar por ser proibidas se o Governo não cuida de definir regras de lotação máxima,
circuitos de entrada e saída e circulação de pessoas, distanciamento ou higienização, para que se possam
realizar em segurança sanitária?
Se o principal motivo de preocupação neste momento são os contágios em contexto familiar e de coabitação,
porque é que num sábado à tarde todas as esplanadas de uma cidade têm de estar fechadas, os seus jardins e
parques vazios, as praias ou zonas ribeirinhas sem vivalma?
Porquê? Que racionalidade é esta de medidas que procuram garantir a saúde incutindo o medo e a
insegurança às pessoas?
A receita aplicada em Portugal, mesmo que em dose diferente, é a mesma receita aplicada um pouco por
toda a Europa. Ela sustenta-se na esperança de que surja uma vacina antes que tenhamos de adaptar as nossas
condições de vida às circunstâncias impostas pela proteção contra o vírus.
A prazo, esta receita tem riscos enormes. Não se confirmando a possibilidade de recurso à vacinação,
teremos, então, já tarde, de fazer a adaptação da nossa vida coletiva, pagando caro o custo desse atraso.
No imediato, as consequências negativas da receita são mais que evidentes: no seu fracasso no plano
sanitário e nos resultados desastrosos que tem no plano económico e social, mas também no plano político,
pelo alimento que dá a projetos e visões antidemocráticas que assentam na ideia de que todos os direitos podem
e devem ser sacrificados em nome do combate à epidemia, incluindo direitos, liberdades e garantias, direitos
laborais, sociais, económicos e até políticos, como, de resto, se confirmou agora mesmo com a intervenção que
ouvimos do PSD, pela voz do Sr. Deputado Adão Silva.
Sr. Deputado Adão Silva, posso dar-lhe uma garantia: o congresso do PCP vai realizar-se com todas as
condições de segurança sanitária,…
Protestos do PSD e do CDS-PP.
… dando o exemplo daquilo que defendemos em relação a todas as áreas de atividade no País, porque é
assim que têm de funcionar.
Aplausos do PCP.
Ficamos sem saber se a intervenção que o Sr. Deputado fez corresponde mesmo ao pensamento do PSD
ou se foi mais uma encomenda do Chega que o PSD cumpriu!
Aplausos do PCP.
Protestos do PSD.
Mas quero dizer-lhe, Sr. Deputado, que, tal como durante o Governo da troica, do PSD e do CDS, foi a
Constituição que defendeu os portugueses do ataque aos direitos, do ataque aos salários, do ataque às
condições de vida, também agora é a Constituição da República Portuguesa que defende os direitos políticos,
económicos, sociais e culturais que os senhores, mais uma vez, estão desejosos de pôr em causa.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Rejeitando a renovação do estado de emergência, insistimos que o
povo e o País precisam de medidas de proteção sanitária e de pedagogia da proteção, mas também, e
sobretudo, de medidas de apoio para que a vida nacional possa ser desenvolvida em condições de segurança
sanitária em vez de ser proibida ou suspensa.
Aplausos do PCP e do PEV.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Telmo Correia, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.