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I SÉRIE — NÚMERO 21

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Não é assim que se valoriza os profissionais do Serviço Nacional de Saúde! Não é assim que se garante que

estamos à altura deste momento essencial de saúde pública! Não é assim que o Governo pode e deve responder

a esta exigência!

Termino dizendo que o Bloco de Esquerda viabilizará, abstendo-se, a renovação do estado de emergência,

esperando que ela sirva para o Governo estar à altura do momento que atravessamos e para não se queixar à

Assembleia da República das ferramentas que tem ao dispor. Não é um mandato em branco e a sua aplicação

será, claramente, fiscalizada por nós.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira, pelo Grupo Parlamentar do PCP.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: É preciso aliviar a pressão que está colocada sobre o SNS, evitar a sua rutura e criar condições

para que os restantes cuidados de saúde sejam prestados.

As medidas restritivas que têm sido impostas, a coberto do estado de emergência, não permitem a necessária

travagem da epidemia e estão, simultaneamente, a atirar o País para uma situação económica e social

insustentável.

Dissemos, há 15 dias, que a declaração do estado de emergência devia ser rejeitada, mas, com os votos a

favor do PS, do PSD e do CDS e as abstenções do BE, do PAN e do Chega, o estado de emergência foi

decretado.

Dissemos, há 15 dias, que havia quatro motivos essenciais para aquela rejeição.

Primeiro, por desconsiderar em absoluto a primeira e principal questão que está colocada ao País, que é a

da definição das condições de segurança sanitária para que a vida nacional prossiga com a normalidade possível

nas circunstâncias que vivemos.

Segundo, por acentuar a desresponsabilização dos poderes públicos em favor da responsabilização

individual e da limitação de direitos, liberdades e garantias.

Terceiro, por cavalgar uma onda de medo e pânico que tem sido promovida à escala de massas, contribuindo

para que se multipliquem as limitações ao exercício de direitos individuais ou coletivos a partir da ideia errada

de que é aí que está a solução para os problemas que enfrentamos.

Quarto, porque, em matérias tão relevantes quanto a do acesso a cuidados de saúde, a declaração do estado

de emergência não só não defendia os direitos constitucionais numa situação de estado de exceção, como

constituía um roteiro para fazer o negócio privado com dinheiros públicos a pretexto da epidemia.

Quinze dias depois, estamos a discutir a renovação do estado de emergência e os motivos da sua recusa

pelo PCP mantêm-se, mas a situação em que fazemos esta discussão não.

A situação em que o País está, 15 dias depois da declaração do estado de emergência, torna cada vez mais

evidente que a receita está errada.

A evolução negativa da situação económica e social verificada neste período confirma que as medidas

restritivas estão a empurrar milhões de portugueses para o desemprego, a pobreza, o endividamento, a ruína,

a incerteza e a insegurança quanto ao futuro.

Com muitas dificuldades, sacrifícios e prejuízos, o País aguentou, em março e abril, o embate das medidas

que então foram tomadas. Agora, o País não aguenta porque não consegue.

O País sobre o qual se estão a abater as medidas deste estado de emergência é um País com mais 100 000

desempregados que em 2019; é um País que suportou quase dois meses de paralisação forçada, que

atravessou um verão de expectativas frustradas e que está hoje fustigado pela ameaça de falência de milhares

de micro, pequenas e médias empresas, com setores económicos inteiros perto do colapso; é um País onde a

incerteza quanto ao que é decidido e a falta de justificação das decisões não permitem que, de forma clara, as

pessoas identifiquem as razões de ser dos comportamentos a adotar.

Porque é que um restaurante há de ter o seu horário de funcionamento limitado se naquele espaço podem

ser cumpridas, com clareza, as regras de segurança sanitária que estão definidas?