I SÉRIE — NÚMERO 24
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Mas é importante recordar um processo que correu mal, que foi o processo de revisão do próprio Código dos
Contratos Públicos. Recordemos que o Governo apresentou umas meras consultas prévias que passavam de
150 000 € para mais de 5 milhões de euros.
Vozes do PSD: — Exatamente!
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Não fosse a voz do CDS, não fosse a intervenção do Parlamento, isso teria passado. Houve uma redução e passou-se dos tais 150 000 € não para os mais de 5
milhões de euros, como era vontade do Governo, mas para cerca de 1 milhão de euros. Este Parlamento, em
relação a essa matéria, também conseguiu colocar travão aos modelos de conceção/construção, que tanto
penalizavam as nossas empresas.
Quando falamos de contratação pública, e de um instrumento como o próprio Código dos Contratos Públicos,
não podemos esquecer e temos de evocar aquilo que o Governo trouxe à discussão a nível do plano nacional
de combate à corrupção, plano esse que — espante-se! — deixa de fora ministros, deixa de fora autarcas, deixa
de fora administrações de empresas municipais, deixa de fora partidos políticos, deixa de fora o financiamento
partidário. Ora, são instrumentos como o Código dos Contratos Públicos que podem prevenir a corrupção, daí
a sua importância e o facto de o CDS querer trazê-lo a esta mesma discussão.
Deixo uma última nota, uma nota negativa, sobre o facto de este Orçamento do Estado não trazer menos
impostos e menos carga fiscal para as famílias e para as empresas. E não traz essa redução de carga fiscal
porquê? Porque teve de haver cedências à esquerda!
Sabemos hoje que o negócio feito entre o Governo, o Partido Socialista, o Partido Comunista Português e o
Bloco de Esquerda custou ao País mais de 1300 milhões de euros. Não são contas do CDS, são contas
apresentadas pelo próprio Governo. É por isso que não se consegue baixar impostos.
Portanto, olhamos para o universo de 2022 a pensar qual vai ser o preço a pagar precisamente para que o
Partido Socialista passe este Orçamento para o próximo ano.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem agora a palavra o Sr. Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Fiscais, António Mendes.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Fiscais: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, como sabemos, a crise pandémica tem uma consequência devastadora do ponto de vista económico e social.
No entanto, essa consequência devastadora é, de certa forma, assimétrica em função dos setores de
atividade, porque alguns deles são mais afetados pelas restrições que existem à atividade económica. Sem
dúvida, há muitos setores que estão, seguramente, a passar um mau bocado, mas não é difícil conceder que os
setores da restauração, do alojamento e da cultura são especialmente afetados pelas consequências das
limitações à atividade económica e à circulação.
Por isso, o Governo tem adotado um conjunto de medidas de banda larga, mas também direcionadas a estes
setores em particular.
Mas, o Governo inscreveu-se para usar da palavra neste âmbito exatamente para falar de um ponto em que
os Srs. Deputados têm sempre acusado o Governo de falta de planeamento. Um exemplo daquilo que estamos
a perspetivar para um futuro próximo é o «IVAucher», uma iniciativa do Governo que visa planear com tempo
um apoio que deve ser dado a estes setores em particular, exatamente para favorecer um aumento de procura.
O que estes setores têm, neste momento, é falta de procura, que está enquadrada nas limitações que existem
à circulação da população. Esperamos que, no próximo ano, essas limitações possam ser menores ou mesmo
inexistir — é isso que todos desejamos — e, nessa altura, temos de apostar na nossa procura interna, na
capacidade de as pessoas, através dos seus consumos, estimularem os setores da restauração, do alojamento
e da cultura.
Para isso assume especial importância a nossa política de rendimentos e por isso é tão importante a proteção
do rendimento das famílias, por isso é tão importante o aumento do salário mínimo nacional, o aumento das
pensões, a valorização dos salários na Administração Pública. Tudo isso é relevante, do ponto de vista do
estímulo à procura interna, mas temos também um estímulo adicional, pela via fiscal, que, repito, estimamos
que seja de 200 milhões de euros — não significa que sejam mesmo 200 milhões de euros, podem até ser mais.