I SÉRIE — NÚMERO 24
26
depositar em aterro. A solução não pode ser, pois, um aumento da TGR (taxa de gestão de resíduos) para o
dobro, sem estes passos serem dados.
O PSD exige que o Governo cumpra o seu papel e aponta para um passo intermédio: um escalonamento do
aumento da TGR, até 2025, para que, até lá, assim queira o Governo, possam ser reunidas as condições para
que as autarquias, os sistemas e os operadores possam fazer uma melhor recolha, triagem e tratamento dos
resíduos, garantindo a redução daquilo que chega a um aterro.
É isso que a realidade atual impõe e esperemos que os outros partidos acompanhem o PSD nesta proposta.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Passamos agora à proposta de aditamento de um artigo 249.º-A ⎯ Aumento da comparticipação do porte pago para publicações periódicas regionais e locais.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Beatriz Gomes Dias, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, peço desculpa, mas o Bloco de Esquerda tinha inscrito, para intervir acerca proposta de alteração anterior, relativa à questão da gestão de resíduos, o Sr. Deputado
Nelson Peralta.
Houve um salto no guião ⎯ não percebo porquê ⎯, por isso peço que dê primeiro a palavra ao Sr. Deputado
Nelson Peralta e, depois, mudando de assunto, pois trata-se de outra matéria, à Sr.ª Deputada Beatriz Gomes
Dias.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem então a palavra, para intervir relativamente à proposta anterior, o Sr. Deputado Nelson Peralta, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Nelson Peralta (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, julgo que este Parlamento teve aqui um momento grande: o PSD, que diz todos os dias que as empresas privadas gerem melhor, que o Estado deve
ser mais pequeno, que devemos privatizar os setores públicos, hoje, vem aqui dizer «olhem para o setor dos
resíduos que é dos setores que, em Portugal, tem dos piores resultados».
Pois bem, é certo. E porque é que este setor tem dos piores resultados? Porque o PSD e o CDS, no Governo
da troica, entregaram a empresa EGF (Environment Global Facilities) à Mota-Engil, criando um grande
monopólio do lixo em Portugal. De facto, funciona mal e precisávamos do setor público. É que estas empresas
da Mota-Engil sobrevivem à custa de uma tarifa elevada sobre toda a população, mas acima de tudo no interior,
sobrevivem com subsídios e com investimentos públicos. Portanto, julgo que, de facto, devemos mudar de vida.
Mas existe um problema mais de fundo em Portugal. É que a taxa de gestão de resíduos, aquilo que as
empresas pagam para o mau tratamento de resíduos ⎯ deposição em aterro ou queima ⎯ é bastante baixa, é
de 11 €, quando a média europeia é de 80 €.
O que aconteceu é que fomos tratados pela União Europeia como o caixote do lixo da Europa. Em quatro
anos, a importação de lixo cresceu 1700%. Até países longínquos, como a Nigéria, exportavam o seu lixo para
Portugal. Pois bem, temos aqui um problema ambiental para resolver.
Também a indústria cimenteira em Portugal está a alterar os seus fornos para importar resíduos para queima.
Novamente, um problema ambiental em Portugal.
O que o Bloco de Esquerda propõe, tendo apresentado, a este propósito, uma apreciação parlamentar que,
em breve, será discutida, é a alteração destas normas. Desde logo, achamos que a taxa de gestão de resíduos
deve ir mais para as autarquias e para as populações e não deve ser uma borla enorme para o setor dos
resíduos, acima de tudo para o setor privado, da Mota-Engil.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Vamos agora, sim, à proposta de aditamento de um artigo 249.º-A ⎯ Aumento da comparticipação do porte pago para publicações periódicas regionais e locais.
Pausa.