26 DE NOVEMBRO DE 2020
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Srs. Deputados, regressamos, antes, à proposta de aditamento de um artigo 200.º-A ⎯ Alteração do regime
geral da taxa de gestão de resíduos (TGR).
Tem a palavra o Sr. Hugo Pires, do PS.
Faça favor.
O Sr. Hugo Pires (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, a produção de resíduos em Portugal tem vindo a crescer, desde 2013, acima da média União Europeia. 75% dos resíduos que
produzimos não são sujeitos a nenhum tipo de procedimento de valorização.
É urgente agir nesta matéria, sob pena de haver uma sobrecarga nas infraestruturas, de não atingirmos as
metas para alcançar a neutralidade carbónica, que nos propusemos alcançar em 2050, e de deixarmos um País
menos sustentável para as futuras gerações.
Quanto mais rápido esta reforma se fizer, menos resíduos irão para aterro, menos taxa pagarão os
municípios, mais baixa será a fatura da água e mais sustentável e limpo será o nosso País. Não há tempo a
perder: estamos em risco de incumprir as metas europeias, o que representa uma fatura de mais de 40 milhões
de euros por ano.
Aqui ao lado, o Governo espanhol, ainda esta semana, propôs também o aumento da taxa de resíduos para
o dobro da nossa proposta de alteração a este Orçamento do Estado, ou seja, para cerca de 40 €/tonelada. A
pergunta que faço é: do que estamos à espera para avançarmos para uma sociedade mais verde e mais
sustentável?
Neste Orçamento do Estado, existiram, para além da proposta do PS, duas propostas de alteração a esta
taxa de resíduos: uma do PCP, que propõe que tudo fique na mesma; outra do PSD, que, de forma muito tímida
e à semelhança do que tem feito em várias intervenções em matéria ambiental nesta Câmara, diz, mais ou
menos, «bem, até concordamos com a trajetória do Governo, mas achamos que a velocidade da reforma e a
ambição do Governo são demasiado altas e, portanto, achamos que esta reforma deve ser mais lenta e que a
ambição tem de ser um bocadinho mais pequenina». Esta é a proposta do PSD para a alteração à taxa de
gestão de resíduos.
E porque é que o PSD faz esta proposta? Porque é pressionado pelos seus presidentes de câmara que, ao
contrário do que deveriam ter feito, que era investir em sistemas de recolha e tratamento de resíduos, andaram
a gastar…
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Veja lá o que vai dizer!
O Sr. Hugo Pires (PS): — … e a fazer outros investimentos provavelmente em coisas supérfluas ⎯ conheço presidentes de câmara do PSD que investem em festas e festinhas. Portanto, não fizeram o que tinham para
fazer!
Protestos do PSD.
Mais, ainda ontem, ouvimos aqui um Deputado do PSD dizer que este Governo não dava a atenção devida
à fiscalidade verde. Pois bem, vocês, hoje, têm aqui a prova de que o PS não tem receio e que tem a ambição
de fazer deste um país mais sustentável, mais verde e que, sobretudo, alcance as metas para a neutralidade
carbónica em 2050.
Ontem ouvimos aqui um Deputado do PSD dizer que este Governo em matéria de fiscalidade verde era tipo
«melancia»: verde por fora e vermelho por dentro. Quero ver como vai ser a votação do PSD, se vai ser
envergonhada ou se vai ser como aquela imagem de um melão amarelado, para ceder aos interesses dos seus
presidentes de câmara e daqueles, sobretudo, que não fizeram o que deviam ter feito em tempo útil.
Para terminar, gostaria de dizer que estamos atentos e estamos expectantes relativamente ao que Bloco de
Esquerda vai fazer. Julgo que o Bloco de Esquerda vai ser coerente com o caminho e com a proposta de
alteração que fez no ano passado, concordando com a subida da taxa de gestão de resíduos. Estou expectante,
mas estou confiante que o Bloco de Esquerda seja coerente nessa matéria e que não seja coerente com a
postura que tem tido neste Orçamento, que é levantar-se ao lado da direita…