27 DE NOVEMBRO DE 2020
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A solução do Governo é adiar, adiar, adiar e, agora, vem dizer que, daqui a mais um tempo, apresentará uma
proposta de lei, proposta de lei essa que a Assembleia desconhece. Mas, no Orçamento do Estado, não
apresentou qualquer proposta que fosse ao encontro das necessidades daqueles que estão completamente
asfixiados: a restauração, o pequeno comércio.
Precisam de ser encontradas soluções para que eles possam responder à crise. Não se pode dizer só
«paguem as rendas» aos arrendatários, nem só «não recebam agora, recebam depois» aos senhorios. A dívida
avoluma-se.
A proposta do PSD é simples e de bom senso: quem reduzir rendas comerciais aos seus inquilinos tem uma
compensação fiscal equivalente. Isto significa repartir sacrifícios entre todos e ajudar estes pequenos e médios
empresários a proteger o emprego, a proteger as suas empresas e a valorizar o futuro do País.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sobre os mesmos artigos, tem ainda a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Bruno Dias, o Chega não se opôs à proposta que o PCP apresentou, mas era importante deixar claro que não podemos responder a uma
crise impondo a outros os custos dessa crise e não podemos criar normas de tal forma desequilibradas que vão
onerar aqueles que também pagam impostos e que também sustentaram durante muitos anos este País.
O Chega percebe, neste momento, a importância de segurar mais centenas de milhares de lojistas no País
inteiro, e esse é um imperativo nacional, mas não podemos esquecer que quem está do outro lado também tem
impostos e contas a pagar.
Por isso, esta é uma aposta que é dada, não é um cheque em branco, mas uma garantia de que será
fiscalizado o que não pode acontecer em Portugal, que é uns estarem a pagar a crise dos outros. Todos, neste
momento, precisam de ajuda e este caso das rendas comerciais é paradigmático desta situação.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, para uma intervenção.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, havia um indivíduo que dizia o seguinte: «É tudo boa gente, o meu guarda-chuva é que desapareceu». Ao ouvir os Srs. Deputados parece que está toda a gente de acordo
com a necessidade de resolver o problema, mas depois chumbam a proposta que o resolve.
A questão que se coloca fundamentalmente é a seguinte: neste momento, no Orçamento do Estado, temos
uma oportunidade para encontrar uma solução e para aprovar uma norma que resolva os problemas. As
desigualdades da situação são muito claras, de um lado, temos fundos internacionais, grandes grupos
económicos e, do outro, temos pequenas e médias empresas. É aos problemas destas últimas que queremos
responder, resolvendo-os com soluções concretas.
Os Srs. Deputados do PSD, do PS e do CDS-PP votaram contra a proposta do PCP, mas fazemos daqui um
último apelo para que reconsiderem e olhem para a situação dramática das micro, pequenas e médias empresas,
que estão confrontadas com estes problemas das rendas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Votem a do PSD!
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Srs. Deputados, não havendo inscrições para a discussão dos artigos 208.º-A e 208.º-B, passamos para a proposta, apresentada pelo PCP, de aditamento de um artigo 252.º-
A — Contribuição extraordinária sobre o setor segurador.
Para intervir sobre esta proposta, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Alves.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, avocámos, para este último dia, a proposta do PCP para a criação de uma contribuição extraordinária sobre o setor segurador.