I SÉRIE — NÚMERO 25
8
As companhias de seguros tiveram, ao longo do ano de 2020, uma redução significativa dos custos com os
sinistros. Os períodos de confinamento, a redução da atividade económica e o teletrabalho fizeram com que
houvesse muito menos carros nas estradas, ou seja, menos acidentes e menos custos para as seguradoras
com os sinistros. Os carros estiveram parados, mas os seguros continuaram a ser cobrados com os mesmos
valores.
Propomos que essa margem adicional seja em parte devolvida aos portugueses por via da criação de uma
contribuição destinada ao reforço do financiamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Países como França
preparam-se para aplicar uma taxa com estes objetivos.
Nada justifica a rejeição do PS desta proposta, nem das várias outras propostas do PCP que se destinam a
aumentar a receita, acabando com os privilégios dos mesmos de sempre. Falo de propostas como a do
englobamento obrigatório ou a de eliminação do Estatuto dos Benefícios Fiscais das isenções e dos privilégios
dos setores especulativos. Falo também da proposta para taxar fortemente as transferências para os paraísos
fiscais, evitando que os lucros das grandes empresas, como o Pingo Doce, contribuam para o Orçamento do
Estado da Holanda, em vez de contribuírem para o Orçamento do Estado português.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Essa é que é essa!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Refiro ainda propostas como a do escalão médio da derrama, para taxar lucros entre os 20 e os 35 milhões de euros, ou o fim das parcerias público-privadas (PPP), acabando com o
desperdício de recursos públicos desviados para alimentar os grandes grupos privados.
As necessidades do País exigem investimento e o investimento exige recursos e medidas como estas que
apresentámos. Se o PS está preocupado com as contas públicas pode muito bem aprovar a contribuição
extraordinária sobre os seguros, que o PCP aqui avoca, que, além do mais, é uma proposta que contribui para
uma maior justiça fiscal.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Srs. Deputados, não havendo mais inscrições para intervir sobre as propostas seguintes, passamos para a proposta, apresentada pelo PSD, de aditamento de um artigo 265.º-A —
Alteração ao Decreto-Lei n.º 111/2011, de 28 de novembro.
Para intervir sobre esta proposta, tem a palavra o Sr. Deputado Afonso Oliveira.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, o PSD apresentou uma proposta que prevê a redução em 50% das portagens das ex-SCUTS (sem custos para o
utilizador) no interior e no Algarve.
A proposta entraria em vigor em 1 de julho de 2021. O PS, o Governo e o PCP não quiseram que entrasse
em vigor em 1 de julho e entrará em vigor no dia 1 de janeiro. Foi assim que chumbaram a nossa proposta!
A proposta previa que o Governo negociasse com as empresas concessionárias e, dessa forma, evitasse o
impacto no défice, mas o Partido Socialista, o Governo e o PCP chumbaram-na porque não querem que haja
renegociação. O Partido Socialista e o Governo, numa atitude de grande irresponsabilidade, preferiram aprovar
um impacto de 140 milhões de euros em vez de 70 milhões.
O Partido Socialista e o Governo, numa atitude irresponsável, preferem aprovar a redução das portagens
sem se preocuparem com as nossas propostas que equilibram o impacto. Estava aqui em causa uma proposta
equilibrada e muito responsável por parte do PSD. Da parte do Partido Socialista há uma grande
irresponsabilidade, tendo os Srs. Deputados a oportunidade de alterar essa votação.
Aplausos do PSD.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — A vossa proposta está aprovada!
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Dou agora a palavra ao Sr. Secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes.