O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

5 DE DEZEMBRO DE 2020

43

Este Relatório fala-nos de normalidade como se normalidade houvesse. Nem todos os trabalhos podem ser

feitos através do teletrabalho e, por isso, são muitos os que precisam de se deslocar para os seus locais de

trabalho, para as escolas em transportes públicos que lhes garantam segurança e onde seja possível manter a

distância exigida.

Contudo, continuamos a assistir a promessas. Apesar de estar estabelecido o limite de pessoas em locais

fechados para os mais diversos espaços, continuamos a não ver aplicada a mesma regra nos transportes

públicos.

Lê-se o Relatório e parece que estamos a falar de outro país.

Refiro os que foram trabalhar mantendo em funcionamento as empresas e os serviços essenciais, os que

assumiram a solidariedade para com os que precisam, mas que não desistiram de agir e lutar por direitos e por

aquilo em que acreditam, e, em particular, os profissionais do Serviço Nacional de Saúde, que, mais uma vez,

deram tudo quanto podiam para minimizar os efeitos do surto epidémico que enfrentamos.

Continua a ser usada a figura do estado de emergência ao fim de quase um ano e as mudanças necessárias

continuam a ser aplicadas a conta-gotas.

Em estado de emergência, opta-se por reduzir novamente os horários dos transportes, que continuam

sobrelotados, apesar de o Relatório nos informar que «têm sido esporádicos e pontuais os eventos em que se

verificaram valores próximos dos 2/3 da capacidade dos veículos».

Existem localidades abandonadas às quais ainda não foi devolvida a mobilidade nem a normalidade dos

cuidados de saúde primários.

As escolas voltaram às suas atividades presenciais, como defendemos, mas não podemos deixar de referir

que é lamentável que um governo que privilegia tanto os meios digitais e o desenvolvimento tecnológico nos

serviços públicos não tenha sido capaz de trabalhar um programa que monitorizasse os casos de COVID-19

nas escolas de todo o território para garantir maior segurança e confiança aos estudantes, à comunidade escolar

e aos encarregados de educação.

E, infelizmente, no presente Relatório nada se diz quanto aos impactos destas medidas na saúde mental,

particularmente dos jovens.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, do Grupo Parlamentar do PAN.

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Apreciamos hoje mais um Relatório do estado de emergência, num contexto em que os números são bastante

claros e em que se verifica uma tendência de crescimento que não só se manteve como ganhou proporções

preocupantes, sendo a média dos casos confirmados de infeção por dia mais do dobro em relação aos valores

do mês anterior. Para além destes números, também assistimos, neste período de estado de emergência, a um

aumento muito expressivo dos casos em internamento hospitalar, e são já mais de 4000 as pessoas que

perderam a sua vida para a COVID-19.

Relativamente à crise económica que vivemos, nos indicadores económicos que este Relatório nos traz,

voltamos a observar uma tendência muito negativa, com a retração do indicador de confiança dos consumidores

em novembro e a redução da confiança dos operadores económicos, uma realidade que, para a conhecermos,

não precisávamos de um relatório, pois basta olharmos para as nossas ruas e para o que tem sido o fecho

sistemático dos vários setores, do comércio e serviços, para percebermos a difícil crise socioeconómica que

estamos a atravessar.

Por isso mesmo, reforçamos o que já temos vindo a dizer: é urgente dar estabilidade e previsibilidade às

medidas tomadas. Só assim conseguimos que os portugueses e as portuguesas ganhem confiança no seu

futuro. E conforme ainda ontem o PAN teve a oportunidade de aqui referir, é absolutamente fundamental que,

de forma estruturada e planeada, se garanta a existência de apoios que permitam dar resposta aos diferentes

setores que estão a ser afetados pela crise, como a cultura, a restauração, o comércio, os serviços, entre tantos

outros.

No entanto, sabemos que as medidas que visam conter ou minimizar o risco de propagação do vírus estão

a produzir efeito, pois, como nos aconselham os especialistas, as medidas atualmente em vigor não devem ser