5 DE DEZEMBRO DE 2020
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A Sr.ª Ministra da Saúde (Marta Temido): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Muitas vezes, ao longo desta pandemia, esquecemo-nos de que estamos a lidar com uma doença. Faltou a compreensão de que a
COVID-19 é uma doença — uma doença nova, aliás —, que, como qualquer doença, exige respostas dos
sistemas de saúde, mas também respostas sociais e respostas individuais.
O estado de emergência não é, de facto, um instrumento para travar o vírus, é um instrumento constitucional,
e não o usamos nem por gosto nem por motivos ocultos. Aliás, lançamos mão dele porque acreditamos na
democracia e não classificamos como «circo» protestos que, naturalmente, nos angustiam, porque nos
angustiam todas as preocupações dos portugueses.
Aplausos do PS.
Sr.as e Srs. Deputados, não há noites mais duras, não há noites mais escuras do que aquelas em que o
Governo procura equilíbrios difíceis. Para que serviu o estado de emergência? Para a saúde, em três ou quatro
aspetos que destaco: limitação às liberdades de deslocação, controlo do estado de saúde das pessoas com
meios mais agressivos do que o habitual, utilização de meios de prestação de cuidados dos setores privado,
social e cooperativo e convocação de recursos humanos para reforço da capacidade de rastreio.
Quero falar em particular de dois temas, o primeiro dos quais é a utilização de meios de prestação de
cuidados de saúde dos setores privado, social ou cooperativo. Recordo, Sr. Deputado Moisés Ferreira, que é
isso que o decreto presidencial nos atribui: podem ser utilizados pelas autoridades públicas competentes,
preferencialmente por acordo, os recursos, meios e estabelecimentos. Foi isso que fizemos, com a utilização de
cerca de 300 camas na Administração Regional de Saúde do Norte e de cerca de 100 camas na Administração
Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, as duas mais pressionadas.
Além disso, procedemos à utilização de profissionais que não os do setor de saúde para a realização de
inquéritos, com cerca de 170 militares a trabalharem na recuperação de inquéritos epidemiológicos, para além
de técnicos das autarquias e professores.
O resultado e a avaliação estão à vista: o pico foi atingido, os portugueses estão a vencer, estamos todos a
conseguir.
A oradora exibiu um gráfico.
Muito obrigada a todos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra o Sr. Ministro da Administração Interna.
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Saúdo a abordagem das diversas bancadas que reconhecem quando estamos, neste debate, num exercício de transparência
democrática, num exercício de coesão e num exercício de mobilização de todos os esforços pela defesa das
liberdades democráticas e pela defesa da saúde dos portugueses.
É um exercício de transparência porque este relatório permite um debate circunstanciado com um Governo
que presta provas daquilo a que se comprometeu com o Parlamento e com os portugueses. Este é, aliás, o 10.º
relatório desde março, ao abrigo do estado de emergência ou das diversas situações excecionais previstas na
Lei de Bases da Proteção Civil.
Em segundo lugar, é um exercício de coesão, permitindo explicitar qual o esforço de todos os setores. Queria
que aqueles que dizem que as medidas são exageradas nos dissessem qual é o país, daqueles que estão
próximos de nós, que tem medidas menos restritivas. Espanha, França, Alemanha, Itália ou Reino Unido:
desafio-os a dizer qual foi, destes países, aquele que teve medidas menos restritivas em novembro.
O Sr. Presidente: — Tem de terminar, Sr. Ministro.