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I SÉRIE — NÚMERO 27

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combate à pandemia, a bem de Portugal, ao contrário do que sucedeu com outros países, como a vizinha

Espanha, que, a par da situação de calamidade, viu-se a braços com uma fortíssima oposição.

Há um tempo para as coisas e este é o tempo de salvar vidas e de envidar todos os esforços para defender

o nosso País, o nosso povo, em todas as vertentes, desde a saúde à economia, que está tão depauperada.

Por isso, construtivamente, não podemos deixar de condenar que o Governo tenha passado o verão como a

cigarra, sem cuidar de preparar, como era a sua obrigação, a segunda vaga, que todos sabíamos ser certa e

muito difícil, assim como censuramos a falta de articulação entre o Ministério da Segurança Social e o da Saúde,

o que tem sido a causa do flagelo que tem assolado os lares, onde residem tantos idosos.

Não consigo calar a inaceitável falta de assistência, no Serviço Nacional de Saúde, aos doentes que não têm

COVID-19. Não podemos também calar a falta de tratamento dos doentes oncológicos e com outras patologias,

que têm piorado e morrido às mãos da incúria do Ministério da Saúde. Criticamos a impreparação do Serviço

Nacional de Saúde para os doentes com COVID-19 — também para esses. A necessidade premente de salvar

vidas não se compadece com cedências a preconceitos ideológicos de antigos e de ainda parceiros do Governo,

que demandou recursos aos setores privado, social e cooperativo, em conjugação de esforços com o Serviço

Nacional de Saúde.

Continuando na crítica sempre construtiva, fica também o vivo reparo à falta das prometidas vacinas da gripe,

que a Ministra da Saúde afirmou que não iriam faltar. Hoje, o resultado está à vista. O Governo não foi prudente

nem previdente, porque era mais do que óbvio que, por causa da pandemia, a esmagadora maioria da população

iria precisar da vacina.

Não conhecemos ainda as medidas que o Governo pretende implementar, mas não parece desajustado que

sejam atenuadas no Natal, festa da família por excelência, e que sejam mais restritivas na passagem do ano.

Prevê-se um recrudescimento de casos no início de janeiro por causa das festividades e o facto de estarem já

anunciadas vacinas para essa altura não nos pode fazer baixar a guarda na prevenção da pandemia. É certo

que o Governo apresentou ontem o plano de vacinação, mas também já é certo que, durante o primeiro semestre

de 2021, não haverá vacinas disponíveis para todos, de modo a permitir a retoma da velha normalidade com a

celeridade que se impõe e que é necessária.

O Governo deve ajustar as medidas às circunstâncias concretas em cada momento e, agora, fica já a poder

planificar todo o hiato temporal até 7 de janeiro de 2021.

A pandemia está longe de estar debelada, infelizmente, e o próprio plano de vacinação gizado é elucidativo

disso mesmo, pelo que é do interesse nacional a manutenção do quadro legal do estado de emergência. O PSD

votará favoravelmente.

A minha última palavra é para enaltecer a atitude de civismo e de responsabilidade que os portugueses têm

tido nestes tempos tão difíceis.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, para uma intervenção.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Estamos perante um pedido, solicitado pelo Sr. Presidente da República, para a terceira

renovação do estado de emergência nesta segunda vaga de COVID-19.

Corremos o risco de entrar numa banalização destes debates e de esquecer que estamos perante um

elemento extraordinário do nosso quadro constitucional. Por isso, é bom lembrarmo-nos da importância que tem

o estado de emergência no combate a esta emergência extraordinária, que é a pandemia da COVID-19. O pior

que poderíamos fazer era banalizar a suspensão de direitos, a limitação de direitos constitucionalmente previstos

e achar que o novo normal é esta vida extraordinária a que estamos agora a assistir.

É, por isso, importante termos sempre a consciência de que, se estamos agora a ver alguns resultados na

redução do número de infeções diárias, esses resultados têm de ser continuados no tempo para garantir que a

rede de saúde pública não faltará a nenhum nem a nenhuma de nós e que o País pode contar com o SNS, que

estará à altura das necessidades em cada um dos momentos da pandemia. Assim, creio que, em primeiro lugar,

nos devemos perguntar, acerca desta renovação do estado de emergência, se ela está à altura desta resposta.