11 DE DEZEMBRO DE 2020
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Importa começar por referir, Sr.as e Srs. Deputados, que o projeto de lei do Bloco de Esquerda, hoje em
discussão, deu entrada na Assembleia da República ainda na anterior Legislatura, precisamente há um ano.
Assim sendo, passou o Orçamento do Estado para 2020 e passou também o Orçamento do Estado para 2021,
por estranho que pareça, só hoje vemos o Bloco de Esquerda preocupado com estas matérias.
Importa ainda dizer, Sr.as e Srs. Deputados, que, a ser aprovado este projeto de lei — e é necessário referi-
lo para que, quem está em casa, perceba do que estamos aqui a falar —, só em 2022, esta resposta chegará
às pessoas. Ora, isto não passa, mais uma vez, de um número político por parte do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Número político é dizer isso! E votar contra!
A Sr.ª Helga Correia (PSD): — Por outro lado, não deixa de ser curioso que o projeto de lei do PCP, que tem genericamente os mesmos propósitos que o projeto de lei do BE, tenha dado entrada seis dias depois,
repito, seis dias depois do fim da discussão do Orçamento do Estado para 2021. Se realmente o PCP estivesse
preocupado com as pessoas com deficiência, teria apresentado essa medida no Orçamento do Estado para
2021 e, hoje, teríamos essa medida aprovada.
Quero ainda deixar aqui uma nota, Srs. Deputados do Partido Comunista Português, porque há uma coisa
que também está a falhar, Srs. Deputados, e que é muito importante que fique aqui mencionado: é que este
projeto de lei não respeita a lei-travão.
Devo ainda dizer que não deixa de ser curioso que esta discussão esteja a ser feita 15 dias depois do fim da
discussão do Orçamento do Estado, porque poderíamos estar com esta situação já resolvida. E estamos a
discutir em cima do joelho,…
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — E sobre as pessoas com deficiência, nada?!
A Sr.ª Helga Correia (PSD): — … num exercício de «fazer de conta», dois projetos de lei sobre uma matéria da maior relevância para as pessoas portadoras de deficiência e que, tal como referi anteriormente, poderia
estar já a ter efeitos no imediato.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Se os partidos proponentes quisessem realmente resolver esta
matéria, ela poderia ter sido resolvida anteriormente, mas hoje assistimos aqui a mais um conjunto de anúncios
por parte do Partido Socialista.
Ora, esta questão ficou consagrada no artigo 75.º da Lei do Orçamento do Estado para 2020, como a Sr.ª
Deputada do Partido Socialista referiu, mas, curioso, foi necessário fazer aqui um número político com os
partidos da esquerda, que apoiaram sempre o Partido Socialista na governação, para o Partido Socialista vir
dizer aquilo que foi feito, ou seja, que estão a fazer um estudo. E, curiosamente, a 21 dias de terminar o prazo
em que o mesmo deveria estar feito, vão preparar-se para anunciar.
Neste momento, a Deputada do PS Marta Freitas acena com a cabeça em sinal negativo.
Sr.ª Deputada, escusa de estar a fazer gestos, a tentar dizer que está resolvido, porque o que vocês vieram
fazer, mais uma vez, foi um número político ao dizer que estão preocupados com as pessoas, mas as pessoas
precisam de apoio, de clareza e de seriedade por parte do Parlamento português.
Protestos do PS.
Para concluir, queria dizer que, no Grupo Parlamentar do PSD — e escusam de ficar nervosos —, não
compactuamos com exercícios de demagogia política.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — E sobre pessoas com deficiência, não diz nada?!
A Sr.ª Helga Correia (PSD): — Srs. Deputados, os partidos da esquerda, no Parlamento, têm estado de costas voltadas para o PS, partido da governação, às quartas e quintas-feiras, mas à sexta-feira votam e
aprovam as medidas. Isso viu-se com a abstenção aquando da votação do último Orçamento do Estado.