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I SÉRIE — NÚMERO 30

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Por outro lado, a utilização de grandes quantidades de produtos fitofarmacêuticos e fertilizantes, por vezes

efetuada até de forma desregrada, está a provocar efeitos a vários níveis, nomeadamente na saúde das

populações, até porque existem culturas intensivas junto dos aglomerados populacionais, ficando as pessoas

expostas a sérios riscos, decorrentes sobretudo da aplicação de agroquímicos. Tem efeitos também ao nível

da qualidade da água, com os fertilizantes e os pesticidas a poluírem as águas superficiais e subterrâneas,

com reflexos nos ecossistemas mas também na saúde humana, até porque é sabido que há pessoas que

utilizam a água de captações junto a zonas de aplicação para consumo próprio; e também ao nível da riqueza

biológica da região e da sua biodiversidade, sobretudo no que diz respeito à flora, que fica assim ameaçada,

principalmente na sequência da aplicação de herbicidas em locais que funcionavam como refúgios de

biodiversidade.

Com a multiplicação destas culturas intensivas, as linhas de água, com todos os valores ecológicos que

lhes estão associados, estão a ser reduzidas a meras valas de drenagem, corrigidas e adulteradas, destruindo

impiedosamente as galerias ribeirinhas e a vegetação marginal. Mas o problema agrava-se se tivermos em

conta o uso abusivo de herbicidas que a cultura intensiva exige, seja em quantidade, seja em locais que

deveriam funcionar como refúgio de biodiversidade.

Além de tudo isto, é ainda necessário ter presente o facto de parte desse trabalho ser realizado de forma

precária, sem direitos e sem condições de dignidade, e também a destruição e a perturbação de vários locais

com interesses culturais associados à história da região e até à da nossa civilização. De facto, a

implementação destes projetos arrasa tudo à passagem das suas máquinas, destruindo para sempre sítios

pré-históricos, neolíticos, calcolíticos, romanos e de outros períodos, que são de todos nós, assim como

documentos e testemunhos, e impedindo gerações de conhecerem a sua história e de compreenderem como

aqui chegámos.

Não pode valer tudo. A rentabilidade económica não pode ser feita a qualquer custo ou a qualquer preço. É

preciso olhar também para os impactos ao nível da conservação do solo, ao nível da qualidade da água

superficial e subterrânea, ao nível da saúde humana, ao nível da perda de biodiversidade, ao nível do

património arqueológico e histórico, mas também ao nível da perda de uma certa identidade regional.

Estamos, portanto, diante de um problema grave, que a todos deve preocupar e que exige respostas

urgentes, motivo pelo qual Os Verdes trazem o assunto de novo a debate. E digo «de novo» porque Os

Verdes trouxeram já a debate algumas iniciativas legislativas com vista a contribuir para travar a expansão

destas culturas e minimizar os efeitos das existentes, mas que, infelizmente, não mereceram o acolhimento

desta Assembleia, nomeadamente quanto à necessidade de garantir um distanciamento das culturas

intensivas já existentes relativamente às zonas populacionais, impedir que sejam atribuídas medidas

agroambientais ou ajudas ou subsídios ao investimento em culturas intensivas e superintensivas ou ainda

proibir a colheita mecanizada noturna da azeitona.

Todas estas iniciativas foram apresentadas com o objetivo de contribuir para travar estas culturas e

promover uma agricultura sustentável, que respeite o ambiente, a biodiversidade, o património, a saúde

pública e a qualidade de vida das populações, e também para, nesta matéria, fortalecer o combate às

alterações climáticas.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, a Mesa regista as inscrições de cinco Srs. Deputados para pedirem esclarecimentos. Como pretende responder?

O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, responderei, primeiro, a um grupo de três pedidos de esclarecimento e, depois, aos outros dois.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem, então, a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Ricardo Vicente, do BE.

O Sr. Ricardo Vicente (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sr.as Deputadas, a ocupação abusiva do território pelo olival e pelo amendoal intensivos é a demonstração de como a política agrícola e de

ordenamento do território estão desadequadas. Trata-se de um processo antidemocrático que entrega o