I SÉRIE — NÚMERO 30
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O Sr. Norberto Patinho (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, tem-se criado, em torno das culturas de regadio e, em particular, do olival, um alarmismo incompreensível, injustificado e não
comprovado, que coloca em causa o contributo que esta nova realidade tem dado à dinamização da
agricultura, ao desenvolvimento do Alentejo e, também, no combate às alterações climáticas.
É verdade, Sr. Deputado, que, nos últimos vinte anos, assistimos, no Alentejo, a uma verdadeira revolução
na agricultura. De País importador, Portugal passou a estar entre os maiores produtores de azeite do mundo e
as exportações têm crescido de forma muito marcada, contribuindo muito significativamente para o saldo da
balança do complexo agroalimentar nacional.
A qualidade do azeite, contrariamente àquilo que propalaram, um produto reconhecidamente bom para a
saúde e verificado em rigoroso controlo de despistagem de resíduos tóxicos, é de excelência e mais de 95%
da produção é de qualidade virgem e extra virgem.
Contrariamente ao que têm propalado e ao que pretendem fazer crer, está comprovado que o olival está
entre as culturas menos exigentes em termos de água.
A oliveira é um importante sumidouro de dióxido de carbono e o seu sequestro aumenta consideravelmente
nos olivais de maior densidade, atingindo, nos olivais instalados na área do regadio de Alqueva, valores
equivalentes à emissão de carbono da população de Évora e de Beja.
Contrariamente àquilo que é referido, o olival é das culturas menos exigentes na aplicação de fitofármacos
e os que são utilizados, cumprindo a apertada regulamentação europeia, têm baixa perigosidade.
Sr. Deputado, a diabolização dos olivais e das culturas de regadio que o Alqueva veio permitir ao Alentejo
não contribui em nada para o desenvolvimento do nosso território. Repito, não contribui em nada para esse
desenvolvimento. No Alentejo, onde lutámos durante décadas por Alqueva, pelo regadio e pelo
desenvolvimento, não compreendemos este ataque contra o olival e o desenvolvimento agrícola do Alentejo.
Será que há alguma coisa contra o desenvolvimento do Alentejo? Será que o PEV entende que este rigor
contra o cultivo intensivo deve ser seguido noutras zonas do País, como, por exemplo, em culturas intensivas
como as da pera rocha, das maçãs da Beira Alta, dos cerejais da Cova da Beira, dos laranjais do Algarve, das
vinhas do Douro e do Dão?
O PEV tem alguma proposta alternativa para rentabilizar e pôr ao serviço do Alentejo a barragem do
Alqueva e os blocos de rega que foram planeados para essa região?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado João Dias, do PCP.
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado José Luís Ferreira, quero felicitá-lo pela declaração política que proferiu. É um assunto bastante pertinente, que o PCP, aliás, como Os Verdes,
também tem tido a preocupação de trazer a esta Casa. O PCP também reconhece a pertinência deste tema.
O Sr. Deputado iniciou a sua declaração por algo que é sintomático — e quem não o reconhecer está a
querer camuflar a realidade —, que é a alteração profunda da paisagem. Sempre que há alteração da
paisagem e sempre que ela é profunda, negar que isso tem efeitos no ambiente, no ecossistema, na
biodiversidade, na saúde da população e na sua qualidade de vida é estar a esconder e a camuflar as
evidências.
Existem alterações profundas na paisagem. É verdade e é evidente. Conheço bem a realidade de que
estou a falar e ela é indesmentível. Aliás, a realidade desmente a mentira que querem trazer!
Protestos do Deputado do PS Norberto Patinho.
Sr. Deputado José Luís Ferreira, permita-me que me dirija aos Deputados do PS e do PSD, porque são os
defensores-mores do olival superintensivo.
Protestos do Deputado do PS Norberto Patinho.