I SÉRIE — NÚMERO 30
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A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Portanto, a verdade é que temos sempre um ataque preconceituoso contra tudo o que é agricultura de produção. Isto porque, se ouvirmos os especialistas, Sr.as e Srs. Deputados,
a realidade que temos é que, cada vez mais, se produz mais com menos. O uso dos fitofármacos e dos
fertilizantes é cada vez mais racional.
Sabemos que é da realidade de há uns anos que falam ainda hoje, porque, pelos vistos, não evoluíram
para os tempos atuais, mas temos agora uma poupança e uma eficiência no aproveitamento da água e dos
fitofármacos. Essa é que é a realidade, não é aquela que aqui nos pintam, vezes e vezes sem conta. Na
verdade, o que vos interessa é a pobreza, é a desertificação dos solos, que já existia antes.
Quero perguntar-vos, Srs. Deputados, se acham que é com as hortas urbanas, de que tanto falam nas
vossas cadeias curtas, que se alimenta o Alentejo…
O Sr. João Dias (PCP): — Não é só o Alentejo, é o País!
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — … e se faz face à melhoria de vida e também à própria preservação da biodiversidade. Qual é a vossa solução para o melhoramento das condições de vida daquelas populações e,
simultaneamente, para a preservação da biodiversidade? Pensem, porque a questão é a de termos boas
práticas e rentabilidade.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Esta é nossa posição. Qual é a vossa, efetivamente?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado André Silva, do PAN, para pedir esclarecimentos.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, começo por congratular o Partido Ecologista «Os Verdes» por ter trazido este tema importante a debate.
Nas últimas décadas, assistimos a uma crescente reconversão do olival tradicional em plantações
intensivas e superintensivas. Estes olivais têm significativos impactos nos ecossistemas, seja pelo uso
irresponsável da água, seja pelo uso de agrotóxicos, que contaminam recursos hídricos e solos, seja,
inclusivamente, pela apanha noturna da azeitona, que devasta milhares de aves em cada campanha. Estas
culturas têm também uma baixa resiliência a infestações e uma menor capacidade de adaptação às alterações
climáticas.
Sabemos que o azeite chega ao mercado diferenciado no rótulo pelo tipo de processamento — virgem ou
refinado — e proveniência da azeitona — nacional, internacional ou de região cuja denominação se encontra
protegida, conhecida por DOP (denominação de origem protegida). Contudo, não há qualquer referência ao
tipo de sistema agrícola, ou seja, se as árvores estão plantadas em modo tradicional, intensivo ou
superintensivo. Portanto, este direito de acesso à informação está a ser vedado.
Devido aos impactos ambientais, do nosso ponto de vista, é fundamental diferenciar, junto do consumidor,
o tipo de sistema de cultivo de onde o azeite provém, permitindo o direito à informação e a possibilidade de
uma escolha consciente e responsável, aliás, consoante a lei prevê. Já fizemos várias propostas para que o
azeite seja rotulado em função do tipo de cultura, que, até agora, têm sido rejeitadas pelo Parlamento, pelos
partidos que acabam por ser os porta-vozes da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal) nesta
Câmara.
O que pergunto ao PEV é se concorda com o PAN quanto à necessidade de os consumidores serem
informados dos produtos que estão a adquirir no que diz respeito ao sistema de produção do azeite que
compram, ou seja, se é proveniente de olival tradicional, intensivo ou superintensivo.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira para responder.