17 DE DEZEMBRO DE 2020
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O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, antes de mais, queria agradecer ao Sr. Deputado Ricardo Vicente, do Bloco de Esquerda, à Sr.ª Deputada Emília Cerqueira, do PSD, e ao Sr. Deputado André
Silva, do PAN, as perguntas que me colocaram.
Começo por responder ao Sr. Deputado Ricardo Vicente dizendo que concordamos com a intervenção que
fez. De facto, o resultado a que estamos a assistir, por todo o Alentejo, mostra que a política agrícola e a
política de ordenamento do território estão desajustadas, mas, na nossa perspetiva, mostra ainda que os
interesses económicos continuam a sobrepor-se aos interesses coletivos, ao interesse público, e também à
defesa dos recursos naturais.
Sr.ª Deputada Emília Cerqueira, não sei se a pergunta era para mim ou se era para o Sr. Deputado Ricardo
Vicente, do Bloco de Esquerda, mas, como fui eu quem fez a declaração política, presumo que seja para mim.
Sr.ª Deputada, não é só o Alqueva que está em causa. Parece-me que a Sr.ª Deputada conhece mal o
Alentejo, porque, senão, não diria isso.
O Sr. João Dias (PCP): — Não conhece!
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — De outro modo, perguntava-lhe o que é que o Alqueva tem a ver com o distrito de Portalegre, por exemplo, que também é Alentejo.
Risos do Deputado do BE Ricardo Vicente.
O Sr. João Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Como deve saber — deve ter aprendido isso na escola —, o Alentejo tem três distritos: Portalegre, Beja e Évora.
Ó Sr.ª Deputada, miséria era aquilo que os portugueses viviam, se calhar, na geração dos nossos pais,
quando foram obrigados a emigrar. Portanto, a Sr.ª Deputada fala dessa miséria, mas eu falo da miséria em
que vive a maior parte das pessoas que estão a trabalhar nesses olivais.
O Sr. João Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Com isso é que o PSD também se devia preocupar, ou seja, com as condições de dignidade com que essa gente trabalha nas culturas intensivas.
O Sr. João Dias (PCP): — Muito bem!
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr.ª Deputada, não queremos hortas urbanas no Alentejo, queremos é preservar a cultura tradicional. Isto porque o que está a acontecer é que estas culturas intensivas estão a
deixar de fora qualquer possibilidade de concorrência da cultura do olival tradicional face à produção intensiva
e superintensiva a que estamos a assistir.
É isso que queremos: preservar o consumo da água, preservar a biodiversidade e preservar os solos. Não
queremos falar de hortas urbanas, porque isso é praticamente brincar com um assunto tão sério como este.
Sr. Deputado André Silva, de facto, consideramos que o consumidor, nesta matéria, tem uma palavra a
dizer e pode até condicionar o mercado. Por isso é que Os Verdes apresentaram já uma iniciativa legislativa
para criar um selo para identificar as embalagens que contêm azeite com proveniência no olival intensivo.
Consideramos que o consumidor deve ter acesso à informação sobre aquilo que consome, pois só dessa
forma pode fazer opções mais conscientes e mais informadas.
Apresentámos essa iniciativa legislativa, exatamente para dar a oportunidade ao consumidor de saber o
que vai consumir, permitindo-lhe, portanto, escolhas mais conscientes e mais informadas.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Vamos prosseguir com os pedidos de esclarecimento. Tem a palavra o Sr. Deputado Norberto Patinho, do PS.