17 DE DEZEMBRO DE 2020
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A propósito do combate à pandemia, é preciso chamar a atenção para o facto de as medidas de reforço ao
SNS não serem substituíveis por «balas de prata» ou por receitas milagrosas. Os médicos, os profissionais de
saúde e da ciência em geral têm sublinhado que a vacina não é cura e é muito importante avançar nas
medidas de reforço do Serviço Nacional de Saúde, dignificar, valorizar e criar condições de trabalho para os
profissionais de saúde do nosso País, no âmbito do SNS. Mas também é preciso criar condições para avançar,
de facto, para uma vida melhor e para a proteção dos direitos e das condições de vida dos portugueses, em
geral, e das jovens gerações, em particular.
Não posso deixar de colocar-lhe a questão da lei laboral. Qual é a posição, afinal, que vamos encontrar, da
vossa parte, no que diz respeito à revogação das normas gravosas no Código do Trabalho, nomeadamente a
questão do período experimental? Vamos ou não dar conta desse problema que hoje está a afetar ainda mais
os jovens trabalhadores?
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, queira concluir.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vou concluir, Sr. Presidente. Quero levantar, também, a questão concreta da experiência verificada e que a vida nos está a demonstrar:
afinal, não estávamos todos no mesmo barco. É preciso garantir, efetivamente, condições de vida e respeito
pelos direitos dos trabalhadores e das populações do nosso País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado André Silva, do PAN.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Matos, o ano de 2021 vai ser um ano de desafios e um ano em que se começará a dar os primeiros passos no sentido da recuperação económica,
como disse, e da utilização da chamada «bazuca europeia».
O PAN sempre disse que a recuperação não poderia ficar assente no modelo económico do extrativismo e
do produtivismo, que teria de assentar no combate e na adaptação às alterações climáticas e numa transição
para uma economia de neutralidade carbónica, respeitando, ainda, outros princípios basilares como a
preservação dos ecossistemas da biodiversidade.
Da parte do Partido Socialista, ouvimos a concordância genérica com estes princípios, mas, no que toca à
ação prática e visível, no momento das votações, logo vemos que são meras palavras. Quando o PAN aqui
propõe uma avaliação ambiental estratégica do aeroporto do Montijo, o PS é o único a votar contra ela.
Quando o PAN aqui propõe que se travem as borlas fiscais e os subsídios perversos às grandes poluidoras e
eletroprodutoras, o Partido Socialista vota contra. E podia dar mais exemplos.
Mas há duas questões que nos preocupam e que deveriam, do nosso ponto de vista, preocupar o Partido
Socialista, porque é o partido que suporta o Governo. A primeira prende-se com a necessidade de o
investimento que vai ser feito ter de ter em conta um novo contexto resultante das alterações climáticas no
nosso território. Tal só é possível por via de um mapa de risco das alterações climáticas, como o PAN propõe,
na sua lei do clima.
A segunda preocupação prende-se com o excesso de dependência do setor do turismo. O PAN tem
defendido a realização de um estudo de carga turística do nosso País, algo que não foi feito. Pergunto-lhe se o
Partido Socialista não considera que deveria fazer-se este estudo sobre a capacidade de carga turística do
País, de várias regiões e cidades que foram mais pressionadas, no preciso momento em que o turismo está
em abrandamento, ao invés de esperarmos que se volte ao antigamente, com as graves consequências
sociais e ambientais que conhecemos do turismo intensivo e massificado.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado João Gonçalves Pereira, do CDS-PP.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, quero começar por felicitar o Sr. Deputado Miguel Matos pela sua eleição enquanto Secretário-Geral da Juventude Socialista.