I SÉRIE — NÚMERO 30
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Devo dizer que, ouvindo a sua intervenção, esta deve ter sido parecida com o discurso do Sr. Deputado no
encerramento do seu congresso, enquanto Secretário-Geral da Juventude Socialista. Deve ter sido parecida!
No entanto, quero felicitá-lo também porque fizeram, tanto quanto sei, um congresso on-line e este é um
bom sinal dos tempos — o CDS também fez o seu conselho nacional on-line — e de que estamos todos a
adaptar-nos a uma nova realidade.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Os trabalhadores do lixo também vão trabalhar on-line!
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Mas se eu não soubesse que o Sr. Deputado era socialista, se não mo tivessem dito, bastava tê-lo ouvido para perceber que, seguramente, era um Deputado do Partido
Socialista, porque faz um discurso muito otimista, muito positivo — isso também é próprio de uma determinada
idade —, mas que é pouco em relação às reservas que levam a que esse otimismo não possa, de alguma
forma, concretizar-se.
Sr. Deputado, diz que, e nós até o acompanhamos, a vacina pode trazer uma nova esperança. Através de
um requerimento que o CDS apresentou, ainda hoje tivemos cá o Dr. Francisco Ramos, que veio falar do
plano de vacinação. Desse plano de vacinação, o que foi dito no Parlamento? Foi dito que estão a pensar, a
refletir, a meditar, a ponderar, a desenhar, mas, em relação a fazer e a executar, ouvimos pouco ou nada.
Protestos da Deputada do PS Hortense Martins.
Portanto, Sr. Deputado, como é evidente, o seu discurso e a intervenção, no Parlamento, de Francisco
Ramos colocam-nos algumas dúvidas.
Sr. Deputado, acompanhamos o que diz sobre a transição digital, a transição verde, o combate à pobreza e
isso tudo, mas estava a ouvi-lo e lembrei-me de alguns sonhos socialistas que ouvimos, durante anos: o TGV
(Train à Grande Vitesse), os novos aeroportos, o cheque-bebé… Quem é que não se lembra do cheque de
200 € que José Sócrates queria dar a cada criança que nascia?
O problema é que há uma diferença entre o que é a realidade e o que é o sonho.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, tem de terminar a sua intervenção.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, estou mesmo a terminar. Sr. Deputado, já que falou nas novas gerações e no próximo ano — e bem —, gostaria de ter ouvido falar
sobre, e é esta a pergunta que lhe coloco, a dívida que se deixa para as próximas gerações. Esta é uma
preocupação, pois são estas dívidas, muitas vezes, que comprometem os nossos sonhos.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Matos, para responder.
O Sr. Miguel Matos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, primeiro, quero agradecer não só os cumprimentos do Sr. Presidente, como dos vários grupos parlamentares em relação ao congresso. Falo não
só da minha eleição, como Secretário-Geral, mas também da eleição de uma colega, Joana Sá Pereira, como
Presidente da Comissão Nacional da Juventude Socialista, que também cumprimento por essas novas
funções.
Vou começar pela intervenção do Sr. Deputado Alexandre Poço, do Partido Social Democrata, que, desde
já, cumprimento. Naturalmente, as preocupações do Partido Social Democrata, em relação ao desemprego
jovem, ao direito à habitação por parte das novas gerações, à nossa capacidade de conseguirmos ter trabalho
digno e de convergir com a União Europeia, são também preocupações do Partido Socialista.
É curioso que o Sr. Deputado aparenta demonstrar não só uma falta de memória de curto prazo,
esquecendo a última resposta à crise e de como esta penalizou muitíssimo o desemprego jovem e o direito à
habitação, como também tem uma memória muito seletiva em relação à história mais antiga, escolhendo
esconder 10 anos de cavaquismo, que prejudicaram — e muito! — os jovens.
Protestos do Deputado do PSD Duarte Marques.