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17 DE DEZEMBRO DE 2020

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Perante esta desorientação estratégica e perante estas capacidades do que muito bem designou como «El

Comandante», está ou não está de acordo comigo, Sr. Deputado Cristóvão Norte, de que a minha profecia,

infelizmente, tem muito mais risco de se vir a comprovar do que o contrário?

O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Inês Sousa Real, do PAN.

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Cristóvão Norte, começo, obviamente, por saudar o PSD por trazer este tema às declarações políticas de hoje.

No entanto, há aqui um conjunto de preocupações que nos parece relevante frisar novamente. É o caso,

desde logo, da importância estratégica que a TAP tem, indiscutivelmente, para o País e do impacto

socioeconómico, nomeadamente, o efeito devastador que os despedimentos poderão ter, não só a nível dos

empregos diretos, mas também dos empregos indiretos que esta empresa gera para o País.

Tendo em conta, precisamente, esta relevância, do ponto de vista da importância estratégica que a TAP

assume — também ao nível da coesão territorial —, aquilo que, para nós, seria fundamental perceber a este

tempo é se, de facto, o PSD partilha da opinião de que seria relevante que tivesse vindo a esta Assembleia a

discussão do plano de reestruturação.

Já ouvimos, em alguns momentos, nos meios de comunicação, a posição de alguma forma dissonante,

relativamente a este tema, mas parece-nos — e não pondo aqui em causa as matérias e as competências do

Governo neste domínio — que este é um tema bastante importante, tendo em conta que estamos a falar de

um impacto financeiro demasiado relevante para o País e tendo em conta, também, o histórico das várias

injeções que têm sido feitas na empresa e a própria gestão privada, que não tem sido melhor —

contrariamente ao que possam, muitas vezes, fazer crer — do que a gestão pública.

Tivemos ontem, inclusivamente, oportunidade de referir ao Sr. Ministro das Infraestruturas e Habitação, que

nos parece, de facto, relevante esta discussão na Assembleia, tendo em conta todo este impacto que a TAP

tem para o País.

Assim, gostaria de perguntar se os senhores não concordam que passar pela Assembleia da República

seria um momento de aprofundarmos a informação absolutamente necessária e a visão que temos de ter para

a TAP: uma TAP que seja alinhada não só com o equilíbrio orçamental, que se impõe, que se exige, com as

contrapartidas do ponto de vista ambiental e com as contrapartidas sociais e laborais, já que, até agora, não

temos um conhecimento aprofundado das mesmas.

Portanto, questões de ideologia à parte, Sr. Deputado, porque muitas vezes podemos ter divergências em

relação ao modelo que queremos adotar para esta empresa, parece-nos que o debate aprofundado neste

Hemiciclo nunca fez mal a ninguém e menos ainda quando estamos a falar de um tema desta relevância.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Cristóvão Norte, afirmou, na sua intervenção, que o Sr. David Neeleman era, na TAP, o único que percebia de aviões — ainda tive de perguntar se era

mesmo isso que eu tinha ouvido… E, ainda há pouco, dizia o CDS que a privatização da TAP tinha trazido

uma gestão profissional para a companhia. Srs. Deputados, isso seria para rir se não fosse tão grave e se não

fosse tão insultuoso, nomeadamente para aquilo que é o trabalho que, ao longo de décadas, se fez na TAP e

«dando cartas» a nível internacional. É que esses senhores a quem VV. Ex.as entregaram a TAP, na

privatização, são profissionais, sim senhor, mas não é a gerir, é a fazer outra coisa. O que o Sr. David

Neeleman estava a fazer na TAP é o que fez toda a vida nos Estados Unidos da América e não só: estava a

mobilizar recursos da própria TAP, a impor opções de gestão ruinosas para a TAP, mas muito vantajosas para

a Azul Linhas Aéreas e instrumentais para vender a TAP outra vez, logo a seguir.

O processo que a TAP estava a atravessar não era de crescimento, era de engorda. E quem estava a

«afiar a faca», sabemo-lo muito bem, eram essas companhias estrangeiras que ainda não desistiram de tomar

conta deste mercado.