I SÉRIE — NÚMERO 30
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Sr. Deputado, em relação à continuidade territorial, quero dizer-lhe o seguinte: na privatização que foi feita
havia um acordo de parceria estratégico que estabelecia um conjunto de obrigações ao privado. Sabe quem é
que retirou muitas dessas obrigações ao privado que lá estavam expressas, desde equilíbrios financeiros a
outras? Foi encenação, foi o embuste grotesco do Partido Socialista quando quis reclamar, proclamando a
sete ventos que a empresa é pública e que o povo é que manda. Foi isso que os senhores fizeram e é disso
que os senhores deviam ter vergonha.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Muito bem!
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Sr. Deputado João Gonçalves Pereira, num negócio desta natureza, em que ninguém percebe em que medida é que o Estado veio a ser prejudicado, porque havia uma cláusula que
estabelecia que o privado podia sair por 10 milhões de euros, como é que se entregam 55 milhões?
O Tribunal de Contas, como qualquer outra entidade, tem de olhar para os termos deste negócio, porque
os portugueses, numa altura destas, não admitem uma barbaridade como esta sem que haja fundamento
jurídico suficiente para a sustentar. Nisso estamos completamente de acordo. Mas, mais numa vez,
encontramos um silêncio ensurdecedor da parte da bancada do Partido Socialista e, como me perguntou, e
bem, também das bancadas do Bloco de Esquerda e do PCP. Mas isso são as alianças aparentes que, muitas
vezes, não se descortinam neste Plenário, mas que têm determinado a política do País.
A Sr.ª Deputada Isabel Pires perguntou-me: «Bom, é muito importante o debate, mas e o PSD…?» Quero
recordar à Sr.ª Deputada o seguinte: o PSD, fez vários estudos para preparar essa privatização e assinalou
que entendia que a empresa era uma empresa estratégica, seguramente, mas nunca disse que era estratégica
a todo e qualquer custo. É isso que nós não aceitamos!
Aplausos do PSD.
O que é que significa a empresa ser estratégica que não uma proclamação vazia de conteúdo e que
empurra os portugueses para a suportarem independentemente da eficiência, independentemente da
qualidade de serviço, independentemente dos custos e independentemente dos proveitos que tenha para o
País?
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, tem de abreviar.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Portanto, para terminar…
Protestos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, deixem o Sr. Deputado terminar. Sr. Deputado Cristóvão Norte, queira concluir.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — A terminar, direi apenas que creio ser importante para a Câmara ponderar essa circunstância aquando da privatização. Se a empresa não fosse privatizada, não tinha capital para
adquirir novos aviões e tinha ido para um processo de reestruturação quando o País estava à beira da
bancarrota e não se conseguia financiar. Aquela foi a melhor decisão e o que se passou nos últimos cinco
anos foi o pior que se fez à TAP, aos trabalhadores da TAP e ao País.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Passamos à declaração política do Bloco de Esquerda. Para o efeito, tem a palavra a Sr.ª Deputada Beatriz Gomes Dias.
A Sr.ª Beatriz Gomes Dias (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Há nove meses, o cidadão ucraniano Ihor Homenyuk foi torturado e assassinado às mãos do Estado português. Este crime hediondo