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I SÉRIE — NÚMERO 30

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Os Srs. Deputados consideram que a TAP, companhia aérea de bandeira, com 75 anos de história, pode

desaparecer assim?! E depois é o mercado que vai substituir a TAP? É o mercado?! É outra companhia

estrangeira qualquer? Sabemos bem as responsabilidades que o PSD, o CDS e o PS tiveram na destruição de

empresas estratégicas para o nosso desenvolvimento e a nossa soberania. O mercado não substituiu a

SOREFAME, não substituiu a Cimpor, não substituiu a marinha mercante. E em todos esses processos de

desmantelamento o ataque aos direitos dos trabalhadores foi sempre uma marca constante, assim como a

submissão às políticas da União Europeia, apoiando a concentração do poder económico e a dominação pelas

grandes potências.

O PSD concorda com a operação de dumping social e o ataque aos direitos, certamente. O PSD concorda

que a União Europeia imponha as suas políticas de submissão económica e de soberania.

A pergunta que subsiste, Sr. Deputado, é como é que defende, junto da população da Madeira e dos

Açores, junto das populações do Porto e do Algarve, junto das pequenas e médias empresas que trabalham

para a TAP, todas essas exigências que afirma em relação à TAP, quando, no fundo, aquilo que está, desde o

início, na estratégia do PSD é deixar cair a TAP e submeter ao poderio das grandes potências o interesse

nacional e um fator estratégico para o nosso desenvolvimento.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Cristóvão Norte.

O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Cotrim de Figueiredo, agradeço as suas observações, que, do meu ponto de vista, são muito certeiras, e permitir-me-ia começar por olhar para a

profecia que apresentou à Câmara. Infelizmente, Sr. Deputado, esse é um risco que a TAP corre e essa é a

razão pela qual o Partido Social Democrata quer que o processo seja escrupulosamente escrutinado. É que

todos sabemos que, historicamente, a TAP dá e acumula prejuízos. E todos nós sabemos também que as

regras europeias impedem que, a partir do momento em que se coloque lá dinheiro, o Estado possa colocar lá

dinheiro novamente.

Portanto, se nós estamos a colocar lá 3,7 mil milhões de euros e não mudamos a cultura política,

económica e social da empresa, não a reestruturamos de modo a que ela seja competitiva num mercado que

é, ele próprio, muito exigente, então, o que estamos a fazer é a destruir aquilo que os senhores anotam como

capital estratégico da empresa.

Portanto, é quase extraordinário que, durante estes anos, não tenha havido uma palavra nesse sentido.

Falou-se aqui dos acionistas da empresa. Com certeza que os acionistas tomaram decisões que foram más

decisões, não tenho quaisquer dúvidas a esse respeito. Mas também devo dizer uma coisa: se esses

acionistas tomaram más decisões, então o que fez o Estado português? O Estado português tinha feito uma

privatização e, a seguir, renegociou as cláusulas dessa privatização, quando o parceiro privado podia sair ou a

custo zero ou por 10 milhões de euros e, a seguir, pôs lá uma cláusula de 225 milhões de euros para o Estado

sair, que resultou no pagamento de 55 milhões de euros, quando, neste momento, ninguém na aviação recebe

dinheiro! Onde é que está a resposta para isso? Onde é que está a moral para isso? Como é que podemos

pedir aos portugueses que cumpram as regras, que consigam salvaguardar o emprego, quando nós estamos a

dar um «paraquedas dourado» a quem os senhores dizem que não merecia?!

Como é possível que o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista e o Partido Socialista tenham todos dito

que era um grande dia, uma nova era para Portugal e para a companhia aérea quando se começou a reverter

essa privatização e que agora, estejamos aqui, neste lodaçal, que tem uma fatura muito maior do que aquela

que devia ter, em razão daquilo que os senhores fizeram?!

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, estamos inteiramente de acordo consigo: então, numa semana, o Sr. Ministro das Infraestruturas queria trazer aqui ao Parlamento o plano de

reestruturação para votação e, na semana seguinte, nem sequer conseguimos que o Governo nos dê a

conhecer o plano? É extraordinário! O povo paga, o povo manda, mas os representantes do povo — do tal que