17 DE DEZEMBRO DE 2020
49
problemas de fundo temos uma série de questões, que vão desde a falta de trabalhadores — e o PCP até
propôs a contratação de 250 trabalhadores para a Direção-Geral do Património Cultural, proposta que,
infelizmente, foi rejeitada — até outras questões que têm a ver com a planificação da intervenção do Estado
para garantir a existência de um verdadeiro serviço de cultura. Isso exige conhecimento, mapeamento do
terreno, propostas, reflexão, debate com toda a gente que está envolvida e a elaboração de um plano que
responda a esta necessidade de estruturar o serviço público de cultura no nosso País.
Aplausos do PCP.
Entretanto, assumiu a presidência o Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Boa tarde a todos. Restam, ainda, dois pedidos de esclarecimento à Sr.ª Deputada Ana Mesquita.
Para o efeito, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rosário Gambôa, do PS.
A Sr.ª Rosário Gambôa (PS): — Muito obrigada, Sr. Presidente. Cumprimento os Srs. Deputados e cumprimento especialmente a Sr.ª Deputada Ana Mesquita.
Sr.ª Deputada, queria dizer-lhe que, de facto, as preocupações que elencou são também as nossas. Não
há ninguém, nesta Assembleia, que possa ficar indiferente à situação de emergência em que vivem os
trabalhadores da cultura ou, melhor, em que vive a cultura, porque de quanto vivem os seus trabalhadores é
cultura e somos todos nós que somos afetados — como disse e muito bem, o que subscrevo — num direito de
cidadania, num direito que nos fica diminuído.
A Sr.ª Deputada elencou — e eu também estou de acordo consigo — que, se calhar, o principal problema é
este subfinanciamento crónico, um défice enorme que trespassa o setor, e sem fundos é muitas vezes difícil,
como diz o povo, «fazer omeletes sem ovos», como, por exemplo, contratar 200 trabalhadores ou qualificar
devidamente alguns serviços. Estou completamente de acordo. Assim como estou completamente de acordo
quando diz que são precisas medidas estruturantes. E estruturantes de forma que possam ser um pano de
fundo sólido para a cultura.
Porém, aquilo com que não estou de acordo com a Sr.ª Deputada é que, apesar de tudo, e mesmo nesta
situação difícil de contingência, há um caminho que tem vindo a ser percorrido. É um caminho difícil, ou seja,
nem sempre é fácil, nem sempre tem todas as condições que seriam desejáveis, mas tem sido feito um
caminho.
Entre outras coisas, a Sr.ª Deputada falou, por exemplo, no modelo. No que diz respeito aos modelos
concursais, importa dizer que durante este ano o Governo reuniu com várias entidades e será agora publicado,
para discussão pública, o modelo de revisão da DGArtes. E isto é feito porquê? Porque se reconhece que este
modelo tem deficiências e precisa de ser melhorado.
É este trabalho que todos somos convocados a fazer, para a melhoria e o aperfeiçoamento daquilo que é
importante para o País e que é nossa ambição, no conjunto, congregarmos da melhor maneira possível.
No que diz respeito ao financiamento, aí a situação também é diversa. É preciso reconhecer que, mesmo
no tempo da pandemia, muitas medidas foram tomadas. Nunca deixaram de existir medidas e nos primeiros
meses chegavam a sair com uma fluência quinzenal.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe o favor de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Rosário Gambôa (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente. Refiro-me não só a um reforço que existiu, por exemplo, ao nível do Orçamento Suplementar, onde foram
introduzidos 70 milhões.
Agora, Sr.ª Deputada, é preciso também não deixar de recordar que há um caminho: desde 2015 até hoje,
o Orçamento para as artes, em particular, e para a criação artística subiu 95%.
O Sr. Presidente: — Muito obrigado, Sr.ª Deputada. Tem mesmo de terminar.