I SÉRIE — NÚMERO 31
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Mas, durante este estado de emergência, tivemos, por exemplo, outra situação que merece ser assinalada e
que é o facto de se continuar a ter fronteiras, concelho a concelho, em áreas metropolitanas. Ora, isto fez com
que, na mesma área metropolitana, pudesse haver um concelho com recolhimento às 13 horas e que o concelho
do lado não tivesse a mesma restrição, levando a uma concentração não só das pessoas do concelho que não
tinha essa restrição, mas de todos aqueles que, tendo a restrição, saíram para ir — e isso viu-se — a superfícies
comerciais limítrofes, por exemplo, no concelho de Lisboa, no concelho da Amadora ou no concelho de Odivelas.
Depois há a questão das escolas: continua a haver escolas que medem a temperatura aos alunos e escolas
que não medem; escolas em que são os auxiliares que fazem a desinfeção e escolas em que há desinfeção se
os professores a fizerem, porque se não a fizerem ela não existe; há escolas que, quando há casos, fecham e
escolas em que, quando há casos, vai uma turma inteira para casa e outras em que vai apenas o aluno que foi
identificado como positivo para COVID-19. Ou seja, não há um protocolo que funcione de forma idêntica para
todos os estabelecimentos de ensino no País.
E, depois, Sr. Ministro, sobre aquilo que lhe diz mais diretamente respeito, as forças e serviços de
segurança…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o seu tempo.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente. Este Relatório aponta — e bem — para a importância da função pedagógica dessas forças e serviços de
segurança, mas, para que isso aconteça, é preciso que essas forças e serviços de segurança estejam com a
sua autoridade no máximo.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o seu tempo.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Mas, tendo um Ministro que não tem essa autoridade, obviamente que estão fragilizados na sua função.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, pelo Grupo Parlamentar do PCP, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Nesta matéria há uma divergência de fundo que nos separa, que já foi debatida, e que tem a ver com a necessidade do estado
de emergência. A posição do PCP é que não era necessária a declaração do estado de emergência para
poderem ser tomadas as medidas de distanciamento físico e de segurança sanitária necessárias para evitar a
propagação da COVID-19.
Essa questão foi discutida mais do que uma vez, mas há questões que se colocam, pelas medidas concretas
que têm sido adotadas nesta fase do estado de emergência e que suscitam, diria, a incompreensão generalizada
das pessoas. Essas questões já foram abordadas neste debate e, de facto, não se compreende qual é a
vantagem de concentrar as pessoas às compras na mesma hora do dia, designadamente aos sábados de
manhã. Não se entende!
Ou seja, quando as pessoas poderiam fazer as compras dos seus produtos de primeira necessidade
separadamente, em várias horas do dia, têm todas de se concentrar e, portanto, basta ver as zonas comerciais
ao sábado de manhã para verificar a enorme aglomeração de pessoas. Não se entende qual é a vantagem
disso, repito, não se entende qual é a vantagem disso. Não está demonstrado que isso seja vantajoso, do ponto
de vista de evitar a propagação do vírus, e há uma incompreensão geral das pessoas relativamente a essa
medida.
O mesmo relativamente à proibição de circulação entre concelhos. Qualquer pessoa compreende que dentro
da Área Metropolitana de Lisboa há pessoas que residem em zonas limítrofes de vários concelhos… Eu, por
exemplo, posso dizer que, para me deslocar da minha residência à Assembleia da República, posso passar por
quatro concelhos, se o trânsito a isso me obrigar. Bom, isto faz com que muitas populações dentro do seu